A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, declarou nesta terça-feira (1º) que, diferentemente do que disse o ditador Nicolás Maduro, ela não pretende deixar o país.
“Quem está indo embora é Nicolás Maduro. Eu continuo com os venezuelanos”, afirmou ela em uma videoconferência com jornalistas estrangeiros.
No sábado (28), o ditador havia feito piada com a escassez de público de um protesto convocado pela oposição na mesma data. “O enxame que chamaram não tinha abelhas”, ironizou o líder chavista na ocasião. “A suposta abelha-rainha ficou sem abelhas e está preparando malas da marca Gucci.”
Corina vive escondida desde que denunciou fraude nas eleições presidenciais em julho. Ela reivindica a vitória de seu representante, Edmundo González, uma vez que foi impedida de disputar a eleição e tornada inelegível pelo Judiciário cooptado pelo regime. González, por sua vez, está exilado na Espanha desde 8 de setembro, após tornar-se alvo de uma ordem de prisão.
Aos jornalistas nesta terça, Corina também criticou as ações do regime contra a dissidência, que alcançou um novo patamar desde o pleito. Só nos protestos que se seguiram à votação foram registrados 27 mortos (dois deles, militares), quase 200 feridos e mais de 2.000 detidos —o regime atribui as mortes à própria oposição.
Membros do círculo próximo de María Corina são alvos preferenciais da ditadura —no domingo (29), sua equipe denunciou o sequestro de dois dos seguranças dela.
O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) —órgão eleitoral oficial, alinhado ao chavismo— anunciou pouco depois do pleito a reeleição de Maduro com 52% dos votos, contra 43% de González, com 97% das urnas apuradas. Ele não apresentou, no entanto, resultados discriminados por zona eleitoral e mesa de votação tal qual exigido pela Constituição venezuelana, com o objetivo de garantir a lisura do processo eleitoral.
Já a oposição afirmou ter tido acesso a cerca de 80% desses documentos e os publicou em um site aberto ao público. Segundo eles, González saiu vitorioso da corrida, tendo obtido 67% dos votos, contra 30% de Maduro.
Uma série de organizações internacionais que realizou checagens independentes das atas divulgadas no endereço eletrônico atestou que elas são verdadeiras.
Diversos países, incluindo o Brasil, recusam-se a reconhecer o resultado do pleito até que Maduro divulgue as atas eleitorais. Outras nações —entre elas, os Estados Unidos e seis países da América Latina, Costa Rica, Equador, Uruguai, Panamá e Peru— reconheceram González como presidente eleito.