A ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela reuniu nesta semana representantes diplomáticos estrangeiros em Caracas para alertar sobre supostos “planos violentos e desestabilizadores” que estariam ameaçando as eleições presidenciais, marcadas para o dia 28 deste mês.
O episódio remete, em certa medida, ao encontro que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) organizou com embaixadores no Palácio da Alvorada em julho de 2022, poucos meses antes do pleito do qual saiu derrotado por Lula (PT).
O então chefe de Estado brasileiro usou a ocasião para repetir teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas, desacreditar o sistema eleitoral, promover novas ameaças golpistas e atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
A reunião foi denunciada por diversos agentes e, ao se tornar alvo de julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), fez com que Bolsonaro fosse declarado inelegível por oito anos.
“Devemos denunciar ao mundo que as nossas eleições têm interferência de agentes externos, especialmente americanos, que procuram distorcer a vontade do povo”, declarou o chanceler, Yván Gil, no encontro ocorrido nesta quarta-feira (10) na capital venezuelana, de acordo com relato da agência de notícias italiana Ansa.
Uma das evidências disso seria uma suposta conspiração para ignorar os resultados do pleito. Segundo o ministro, o esquema estaria sendo capitaneado pelo candidato da oposição à Presidência, Edmundo González Urrutia.
Concorrendo no lugar de María Corina Machado, inabilitada pela ditadura, ele não endossou um documento do regime se comprometendo a respeitar o resultado da votação por considerá-lo uma “imposição unilateral” da administração chavista —textos como esses são incomuns em países democráticos.
Outros pontos mencionados pelo chanceler na reunião incluíram a aparente proliferação de notícias falsas sobre o pleito por bots nas redes e um suposto plano de assassinato de Maduro.
Gil se referia a uma publicação feita no X por uma milícia colombiana na semana anterior no X. Nela, o grupo, que atua no norte da Colômbia, afirmava que tinha sido contatada por elementos da direita venezuelana para ir contra Maduro e atacar a infraestrutura elétrica do país, além de infiltrar-se em manifestações para causar o caos nas ruas caso o líder fosse reeleito.
Segundo o Efecto Cocuyo, um site jornalístico independente venezuelano, o chanceler ainda afirmou que Maduro está em “clara desvantagem” em razão das sanções internacionais em vigor contra a sua gestão.
A ditadura vem, no entanto, trabalhado ativamente para limitar a presença dos adversários no pleito, seja vetando candidaturas da oposição, impondo obstáculos jurídicos à sua participação na disputa ou mesmo prendendo líderes.