O ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, muito debilitado devido a complicações de seu tratamento contra um câncer de esôfago, disse neste domingo (27) que talvez seja seu “último voto” ao participar das eleições gerais do país, nas quais seu afilhado político é o favorito.
O ex-guerrilheiro de 89 anos foi um dos primeiros a votar no domingo em uma escola no bairro Cerro, uma área empobrecida do oeste de Montevidéu.
“Talvez seja meu último voto”, disse Mujica em cadeira de rodas e cercado por câmeras. “Talvez. Não tenho vontade [que seja], mas…”
Presidente de 2010 a 2015 e uma das figuras mais populares do Uruguai, Mujica é o mentor de Yamandú Orsi, com quem o partido de esquerda Frente Ampla espera retornar ao poder que perdeu em 2020 após 15 anos consecutivos de governo.
Em conversa com jornalistas, Mujica convidou os eleitores a “fortalecer a democracia” e modernizá-la para acompanhar as mudanças que “a tecnologia vai impondo”.
O líder político questionou aqueles que dizem que os jovens se envolvem pouco na política e fez uma autocrítica.
“Eu acredito nos jovens. Isso de que não se interessam pela política é relativo. Se não se envolvem, é porque não os encantamos. É porque causamos repulsa. Se houver propostas que os encantem, os guris vão estar”, assegurou.
O ex-presidente apontou a segurança pública e o crescimento econômico como os principais desafios do próximo governo uruguaio.
Neste domingo, os uruguaios celebram eleições presidenciais e legislativas e votam em dois plebiscitos.
Segundo as pesquisas, o sucessor do presidente de centro-direita Luis Lacalle Pou será definido em um segundo turno em 24 de novembro.