A revista Time escolheu nesta quinta-feira (12) Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, como Pessoa do Ano de 2024. A publicação escolhe todos os anos alguém que tenha se destacado, seja positiva ou negativamente.
Esta é a segunda vez que Trump é reconhecido como a personalidade do ano pela revista. Ele havia recebido o título em 2016 quando também ganhou as eleições daquele ano. Com histórico volátil em relação ao veículo, três anos antes, em 2013, o republicano zombou da lista e afirmou que se trata da “proeza de uma revista que em breve estará morta”.
A escolha deste ano resultou do que a revista chamou de um impressionante retorno político ao listar os candidatos ao título. Segundo a Time, sua vitória na eleição presidencial é histórica em diversos aspectos. Isso porque Trump será o presidente mais velho dos Estados Unidos e a primeira pessoa condenada a ser eleita para comandar a Casa Branca.
O republicano foi condenado por 34 acusações de fraude no caso em que teria comprado o silêncio da atriz pornô Stormy Daniels. Trump conseguiu a vitória este ano não só no Colégio Eleitoral, mas também no voto popular, e conquistou maioria para o seu partido na Câmara e no Senado.
Seu retorno ocorre após uma saída tumultuada do poder, em 2021, quando ele se recusou a reconhecer a derrota para Joe Biden. O discurso de Trump com acusações de fraude no pleito de 2020 culminou na invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, que terminou com ao menos cinco mortes.
O republicano também enfrentou dois processos de impeachment e foi alvo de uma série de ações na Justiça, inclusive por ter tentado reverter o resultado das eleições. Parte das ações está sendo arquivada depois de ele ter sido eleito.
O editor-chefe da publicação, Sam Jacobs, escreveu em sua carta aos leitores que o presidente eleito organizou um “retorno de proporções históricas”. Justificou a escolha também dizendo que ele promoveu um “realinhamento político” único em uma geração.
“Desde que começou a se candidatar à Presidência em 2015, talvez nenhum indivíduo tenha desempenhado um papel maior em mudar o curso da política e da história do que Trump”, escreveu Jacobs. “Se aquele momento marcou o nadir de Trump, hoje estamos testemunhando sua apoteose”, afirmou o editor, citando a derrota do republicano em 2020.
Nesta quinta, o presidente eleito tocou o sino da Bolsa de Valores de Nova York, uma tradição para anunciar a escolha da revista. Ao ser laureado, disse, ao lado da esposa, Melania Trump, que é uma honra receber o título.
O republicano deu em novembro uma entrevista à revista, publicada nesta edição, em que ele fala sobre os planos à frente da Casa Branca. Trump chamou o período de campanha de “72 dias de fúria”.
“Não houve dias de folga. Não houve intervalos”, disse. Também descreveu a crise de imigração nas fronteiras como o grande fator que contribuiu para a sua eleição. Manteve a promessa de usar militares para levar adiante seu plano de deportação em massa de imigrantes. Afirmou ainda que pretende perdoar invasores do Capitólio, mas que analisará “caso a caso” para decidir sobre a anistia.
“Vou olhar para o 6 de Janeiro no início, talvez nos primeiros nove minutos”, afirmou, quando questionado sobre como seriam as primeiras 48 horas de seu governo. “Se eles não foram violentos, acho que a punição foi muito dura”, continuou. “A grande maioria deles não deveria estar na prisão.”
Trump é o quarto presidente americano que recebe o título pela segunda vez, depois de Barack Obama, George W. Bush, e Bill Clinton. Já o ex-presidente Franklin D. Roosevelt recebeu o título três vezes.
Outros nove nomes haviam sido divulgados pela Time como candidatos ao título deste ano: a vice-presidente Kamala Harris; a princesa de Gales e esposa do príncipe William, do Reino Unido, Kate Middleton; o bilionário Elon Musk; a viúva do opositor russo Alexei Navalni, Iulia Navalnaia; o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu; o presidente do FED, o banco central americano, Jerome Powell; podcaster e guru da direita americana, Joe Rogan; a presidente do México, Claudia Sheinbaum; e do dono da Meta, Mark Zuckerberg.
Em 2023, o título foi dado à cantora Taylor Swift, que fez campanha para Kamala Harris, adversária de Trump. Em 2022, o veículo escolheu o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. O que a publicação chamou de “espírito da Ucrânia” também recebeu as honras, um aceno à resiliência do país invadido pela Rússia. No ano anterior, o título foi concedido a Elon Musk, hoje fiel escudeiro de Trump.
OS ÚLTIMOS ESCOLHIDOS PARA PESSOA DO ANO DA TIME
2024: Donald Trump
2023: Taylor Swift
2022: Volodimir Zelenski
2021: Elon Musk
2020: Joe Biden e Kamala Harris
2019: Greta Thunberg
2018: ‘Os guardiões’ (jornalistas perseguidos)
2017: Movimento contra o assédio
2016: Donald Trump
2015: Angela Merkel
2014: Equipes que combateram o vírus ebola
2013: Papa Francisco
2012: Barack Obama
2011: ‘O manifestante’ (pessoas que protestaram contra líderes autoritários, como na Primavera Árabe)
2010: Mark Zuckerberg