O presidente eleito dos Estado Unidos, Donald Trump, convidou o dirigente chinês, Xi Jinping, e outros líderes estrangeiros para sua posse, em janeiro, em Washington, de acordo com Karoline Leavitt, porta-voz da transição de Trumpm, nesta quinta-feira (12). Especialistas dizem, no entanto, que Xi provavelmente não compareceria.
Questionada se o líder chinês havia respondido ao convite, Leavitt disse à rede Fox News em uma entrevista que isso “ainda estava para ser determinado”. Ela não mencionou os outros líderes mundiais que também foram convidados.
“Este é um exemplo do presidente Trump criando um diálogo aberto com líderes de países que não são apenas nossos aliados, mas também nossos adversários e concorrentes”, afirmou ela.
Seria inédito para um líder da China, principal rival geopolítico dos EUA, comparecer a uma posse presidencial em Washington, e especialistas em China dizem que é muito improvável que Xi apareça.
“Isso é teatro diplomático, nada mais. Outros chefes de Estado não compareceram a posses presidenciais dos EUA, ainda mais Xi Jinping”, diz Scott Kennedy, especialista em China do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington.
Trump, em declarações à rede CNBC no pregão da Bolsa de Valores de Nova York nesta quinta-feira, afirmou que sua gestão teria “muitas conversas com a China”.
“Temos um bom relacionamento com a China. Eu tenho um relacionamento surpreendente. Agora, quando a Covid chegou, eu meio que cortei isso. Foi um passo longe demais”, disse. “Mas temos conversado e discutido com o presidente Xi algumas coisas, e com outros líderes mundiais, e acho que vamos nos sair muito bem em todos os aspectos.”
O Kremlin, separadamente na quinta, disse que não havia recebido um convite para comparecer à posse de Trump, marcada para o dia 20 de janeiro.
O convite a Xi foi feito no início de novembro, logo após a eleição presidencial de 5 de novembro, segundo a CBS News, que primeiro noticiou o convite, nesta quarta (11).
Segundo a CBS, o premiê da Hungria, Viktor Orbán, que tem uma relação calorosa com Trump e o visitou na Flórida nesta semana, ainda estava “considerando” se compareceria.
A embaixada chinesa em Washington não respondeu a um pedido de comentário da agência Reuters.
Trump nomeou vários críticos da China para cargos-chave em sua futura administração, incluindo o senador Marco Rubio como secretário de Estado.
O presidente eleito também afirmou que vai impor uma tarifa adicional de 10% sobre todos os produtos chineses, a menos que Pequim faça mais para parar o tráfico de fentanil para os EUA. Ele ameaçou ainda com tarifas superiores a 60% sobre produtos chineses durante a campanha.
No final de novembro, a mídia estatal chinesa alertou Trump de que sua ameaça tarifária poderia arrastar as duas maiores economias do mundo para uma guerra comercial mutuamente destrutiva.
Na quarta-feira, o embaixador da China nos EUA, Xie Feng, leu uma carta de Xi em um evento do Conselho Empresarial EUA-China em Washington, na qual o líder chinês afirmou que Pequim estava preparada para manter a comunicação com os EUA.
“Devemos escolher o diálogo em vez da confrontação, e a cooperação ganha-ganha em vez de jogos de soma zero”, disse Xi na carta.
Outros especialistas em China disseram que Pequim poderia responder ao convite de Trump oferecendo enviar um servidor de nível inferior, mas provavelmente exigiria que Taiwan, ilha que Pequim considera junto com seu território continental como uma única China, não fosse convidada.
Taiwan, que os EUA não reconhecem oficialmente, provavelmente ficará inquieta com o convite de Trump a Xi, afirma Bonnie Glaser, especialista em Taiwan do German Marshall Fund dos Estados Unidos.
A vitória eleitoral de Trump gerou esperança em Taiwan de que ele adotaria postura linha-dura com a China; mas também gerou ansiedade, dadas suas declarações de que a ilha deveria pagar aos EUA por sua defesa.
Dois membros seniores da gestão de Taiwan estiveram nos EUA nesta semana para se encontrar com pessoas ligadas à equipe de transição de Trump, disseram cinco pessoas à Reuters.