Publicações enganam ao afirmar que alimentos doados pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e transportados pela FAB (Força Aérea Brasileira) seriam destinados para o grupo Hamas, em conflito armado desde o início de outubro com Israel. Os mantimentos que deixaram o Brasil no último dia 30, com destino ao Egito, serão para ajuda humanitária a palestinos na Faixa de Gaza, uma das áreas mais afetadas pela guerra.
Pelas redes sociais, o ministro-chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência da República, Paulo Pimenta, explicou que o avião enviado para “continuar o trabalho de repatriação dos brasileiros” que estão na zona de guerra foi utilizado também para enviar ajuda humanitária. A explicação também foi publicada na Agência Gov.
Como verificado pelo Comprova, o avião enviado irá substituir outra aeronave presidencial de mesmo porte que está no Cairo, capital do Egito, há duas semanas, aguardando para fazer a repatriação de brasileiros que estão na Faixa de Gaza. O veículo que estava na cidade egípcia tem manutenção programada no Brasil agendada para os próximos dias e precisa retornar.
O carregamento incluiu arroz, açúcar, derivados de milho e leite em pó produzidos pelas famílias do MST em todo o Brasil. O movimento ressaltou que pretende enviar 100 toneladas de alimentos para os territórios ocupados por palestinos, em ações viabilizadas com apoio do MRE (Ministério das Relações Exteriores), como aconteceu neste caso. A FAB confirmou o transporte, mas ressaltou que cuidou apenas do translado dos alimentos e que o avião já chegou ao destino, em Cairo, no Egito. No entanto, a logística de preparo foi feita pelo governo brasileiro por meio do MRE.
Em comunicado à imprensa, o ministério informou que o governo federal e a sociedade civil estariam fazendo “nova contribuição para os esforços internacionais de assistência humanitária aos afetados pelo conflito na Faixa de Gaza, com a doação de 2 toneladas de alimentos oferecida pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra”.
À reportagem, a pasta reiterou o posicionamento e explicou que os alimentos foram entregues ao Crescente Vermelho, um braço da Cruz Vermelha, movimento humanitário não vinculado a qualquer Estado e cuja atuação é amparada pela Convenção de Genebra, documento internacional adotado em 1949 que estabelece as regras destinadas a proteger as vítimas da guerra. A entidade assumiu a responsabilidade de coordenar a logística de transporte, o cruzamento da fronteira e as entregas em Gaza. O mesmo foi feito quando o Brasil enviou 40 purificadores de água em 16 de outubro.
Assim como na primeira entrega, a Embaixada do Brasil no Egito comunicou ao Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio sobre o envio das doações e o Crescente Vermelho, que organiza a entrega. O Crescente Vermelho faz a entrega dos materiais em caminhões, mas depende de autorização das autoridades israelenses.
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A investigação desse conteúdo foi feita por O Povo e Estadão e publicada em 1º de novembro pelo Comprova, coalizão que reúne 41 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Folha, UOL, NSC, Metrópoles e A Gazeta.