Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), encontraram-se nesta terça-feira (19) com Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.
Em uma publicação nas redes sociais, Tarcísio afirmou que a visita é uma forma de estreitar os laços entre São Paulo e Tel Aviv. “Reforçamos a nossa solidariedade ao povo de Israel, nosso repúdio ao terrorismo, nossos votos de sucesso nas tratativas para libertação dos reféns e construção de um caminho para a paz.”
Caiado, por sua vez, escreveu que levou a Netanyahu “a solidariedade do povo brasileiro frente aos conflitos que já se arrastam por cinco meses”. Além de citar parcerias entre seu estado e o país de Bibi, como o premiê é chamado, o governador reiterou sua posição contra declarações do governo Lula. “Reforçamos que as declarações do presidente da República não refletem o pensamento da nossa população”, disse em suas redes.
A referência feita por Caiado é à crise diplomática entre Brasil e Israel, cujo gatilho foi uma declaração controversa do presidente brasileiro. Durante uma viagem por países da África, Lula classificou a campanha militar de Tel Aviv no território palestino de genocídio e declarou que as mortes de civis se assemelham às ações de Adolf Hitler contra os judeus.
O tema do extermínio de 6 milhões de judeus europeus pela ditadura de Hitler é o mais sensível da política israelense.
Após a declaração, o Ministério das Relações Exteriores do governo de Netanyahu declarou o líder brasileiro “persona non grata”.
“Não esqueceremos nem perdoaremos”, disse o chanceler Israel Katz. Em mensagem ao embaixador do Brasil no país, seguiu: “Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse.”
Na prática, o termo em latim que significa “pessoa indesejada” se refere à prática de um Estado proibir um diplomata (ou, neste caso, chefe de Estado) de entrar no país em uma viagem oficial.
A ofensiva militar de Israel em Gaza matou mais de 31 mil pessoas no território palestino, segundo dados do Hamas.
Por essa reação, Israel foi acusado de ter uma “motivação genocida” contra os palestinos. A África do Sul apresentou uma denúncia à Corte de Haia. Israel nega as acusações e diz que elas são “grosseiramente distorcidas”.
A visita do governador de São Paulo também acontece quase um mês após um ato na avenida Paulista em defesa de Jair Bolsonaro, de quem Tarcísio é aliado. Apoiadores do ex-presidente tentaram usar a crise provocada por Lula para inflar a manifestação.
O advogado Fábio Wajngarten escreveu no X (ex-Twitter) que iria sugerir ao ex-presidente e ao pastor Silas Malafaia, organizador do evento, que convidassem o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, que seria “muito bem recebido e acolhido”. Ele, porém, não compareceu ao ato.
Ao longo de seu mandato, Bolsonaro fez uma série de acenos ao governo de Israel. Em 2019, na cerimônia de posse, Netanyahu foi o principal destaque. Logo depois, Bolsonaro visitou o Estado judeu e prometeu que mudaria a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, promessa que ele não cumpriu.