“A humanidade não sobreviverá a uma sequência de ‘Oppenheimer’“, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta segunda-feira (18). A referência ao filme que narra os bastidores da criação da bomba atômica ocorreu durante uma reunião do Conselho de Segurança sobre a não proliferação nuclear ocorrida na mesma data.
“Estamos reunidos em um momento em que as tensões geopolíticas e a desconfiança elevaram o risco de guerra nuclear ao seu nível mais alto em várias décadas”, disse o secretário-geral na ocasião. “O Relógio do Juízo Final está correndo e seu preocupante tique-taque ecoa em todos os ouvidos.”
Guterres elogiou o filme dirigido por Christopher Nolan, vencedor de sete Oscars, durante o encontro, afirmando que ele abriu os olhos de milhões de pessoas para “a dura realidade do apocalipse nuclear”. “Todas essas vozes, todos esses avisos, todos esses sobreviventes imploram ao mundo para se afastar do precipício”.
O secretário-geral não fez menção a nenhum país em específico. Mas nações como os Estados Unidos e a França, assim como o Japão, responsável pela organização do encontro denunciaram claramente a escalada da retórica nuclear da Rússia.
Seu líder, Vladimir Putin, reeleito à Presidência no domingo (17), havia dias antes voltado a fazer menção ao arsenal nuclear do país, o maior do mundo. “Do ponto de vista técnico-militar, nós estamos, claro, prontos [para uma guerra nuclear]”, disse durante uma entrevista na quarta-feira (13).
Nesse contexto, a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, anunciou que trabalha com o Japão em um projeto de resolução do Conselho “reafirmando as obrigações” dos signatários do Tratado do Espaço Sideral de 1967 e pedindo que não haja “desenvolvimento de armas nucleares ou quaisquer armas de destruição em massa projetadas especificamente para serem posta em órbita“.
O espaço “deve continuar sendo um lugar livre de armas nucleares”, concordou a ministra das Relações Exteriores do Japão, Yoko Kamikawa.
Kamikawa ainda anunciou a criação de um grupo de trabalho entre “países amigos” para ajudar a alavancar um tratado que proíba a produção de material fissionável para armas nucleares. Ambos EUA e França indicaram que pretendem se juntar ao grupo.