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Rússia lança ofensiva para explusar forças da Ucrânia – 11/11/2024 – Mundo

A semana começou com grande pressão militar da Rússia na Guerra da Ucrânia. Kiev afirma que Moscou deslocou 50 mil soldados para tentar expulsar as forças remanescentes de Volodimir Zelenski na região russa de Kursk, e a situação no leste ucraniano piorou.

Além disso, há relatos de que a Rússia prepara uma ação grande em Zaporíjia, no sul da Ucrânia, aproveitando a anemia generalizada de forças de Kiev na região, que não registra grandes batalhas desde o ano passado.

O quadro é complicado para o presidente Zelenski, que na semana passada viu Donald Trump ser eleito nos EUA com a promessa de acabar a guerra “em um dia” —sugerindo, embora ninguém saiba bem seus planos, que pode cessar o apoio americano a Kiev para forçar um acordo que implique perdas territoriais aos ucranianos.

A ação em Kursk vinha sendo telegrafada havia duas semanas. Ucrânia, Otan [aliança militar ocidental] e Coreia do Sul dizem que ela deve incluir parte dos estimados 12 mil soldados que a ditadura norte-coreana teria colocado à disposição de Putin.

O russo não confirma nem nega isso, mas assinou no domingo (10) o acordo militar de defesa mútua com Pyongyang, que havia acertado em julho com Kim Jong-un. Segundo o tratado, um país ajudará o outro em caso de invasão de seu território.

Tendo tido seu país invadido pelo Kremlin, Zelenski fez o mesmo de forma surpreendente no sul russo em agosto. A cartada, contudo, parece ter dado errado: os russos não pararam de pressioná-lo no leste do país, e sua posição está cada vez mais frágil.

Segundo estimativa ouvida pela Folha na Rússia, talvez menos de 25% do território que havia abocanhado ainda está nas mãos de Kiev, e agora começou o cerco final com os 50 mil soldados apontados pelo comandante da Forças Armadas ucranianas, Oleksandr Sirskii.

Observadores ligados ao Kremlin confirmaram a movimentação militar, mas não falaram em números. Seja como for, 50 mil soldados é mais do que o dobro empregado por Zelenski na sua operação.

“[Os russos] estão tentando desalojar nossas forças e avançar fundo no território que controlamos”, disse Sirskii no Telegram.

O general diz que já houve choques com forças norte-coreanas, sem apresentar provas. Um vídeo feito por drone que circula nos canais ucranianos mostra um soldado com uniforme russo após a explosão de uma granada com feições bastante semelhantes às de um coreano, mas não há confirmação independente disso.

Enquanto isso, na região de Donetsk, tropas de assalto russas entraram em ação em três direções, particularmente Pokrovsk, o centro logístico que, se cair, poderá levar ao colapso das defesas ucranianas na área, 1 das 4 anexadas ilegalmente por Putin em 2022 e onde o Kremlin tem cerca de 60% do território sob seu controle.

Segundo Zelenski, a ação obrigou o reforço de tropas na região, o que dificulta ainda mais a situação geral da Ucrânia.

Nesta segunda (11), um porta-voz militar ucraniano disse à agência Reuters que há sinais de que os russos preparam uma ação grande em Zaporíjia, região da qual controlam cerca de 70%.

No ano passado, os ucranianos tentaram cortar aquele território, que liga a Rússia à Crimeia, mas foram parados pela defesa de Moscou.

A chamada linha Surovikin, batizada em homenagem ao então comandante russo na guerra, que depois caiu em desgraça por ser aliado dos mercenários que se amotinaram em agosto de 2023, ainda está lá.

Quando passou por Zaporíjia na semana retrasada, a Folha viu longas fileiras de dentes de dragão, as barreiras triangulares contra blindados, campos minados, casamatas desativadas e baterias antiaéreas em toda a região.

“Os assaltos podem começar logo, e não estamos falando de semanas, estamos esperando que ocorram a qualquer dia”, disse o porta-voz Vladislav Volochin. Ele não sabe dizer se haverá uma grande ofensiva ou ataques pontuais.

Segundo o militar, houve um aumento nos bombardeios aéreos nas últimas três semanas, coisa de 40% a mais do que o normal, o que sugere a preparação de um avanço de infantaria e de blindados.

Fonte: Folha de São Paulo

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