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Rússia ataca Ucrânia, e drone cancela voos em Moscou – 17/09/2023 – Mundo

Dois navios de carga que serão abastecidos com grãos da Ucrânia atracaram em um porto do país na manhã deste domingo (17), pela primeira vez desde que a Rússia rompeu em julho, de forma unilateral, o acordo que, sob tutela da ONU e da Turquia, assegurava o transporte de grãos ucranianos pelo mar Negro de forma segura.

As embarcações foram posicionadas no porto de Tchornomorsk e devem ser abastecidas com cerca de 22 mil toneladas de trigo com destino a países da África e da Ásia, afirmou o ministro ucraniano da Infraestrutura, Oleksandr Kubrakov, no X (antigo Twitter).

Os navios têm bandeira do arquipélago oceânico de Palau, e a tripulação é composta por cidadãos de Turquia, Egito, Azerbaijão e da própria Ucrânia. Não foi informado quando os cargueiros partem em direção a seus destinos finais —tampouco se o farão de maneira segura.

Em mais um ataque que foi interpretado como sinalização dos riscos para as exportações ucranianas, a Rússia lançou mísseis cruzeiro na região portuária de Odessa, ao norte de Tchormomorsk. A Força Aérea ucraniana afirmou que derrubou a maior parte dos mísseis, mas que alguns atingiram instalações agrícolas civis de armazenamento de grãos, danificando-as. Não há registro de feridos.

Antes, Moscou já havia afirmado ter realizado, também neste domingo, um ataque com mísseis contra uma fábrica na cidade de Kharkiv, no nordeste do país vizinho. O local serviria para consertos de veículos blindados ucranianos, de acordo com o Ministério da Defesa russo.

Paralelamente, Kiev teria realizado ataques contra o território russo. Moscou afirma ter frustrado um ataque contra a península ocupada da Crimeia e outro contra Moscou. Na capital, um drone teria sido destruído no distrito de Istra e outro no de Ramenski, segundo a Prefeitura.

Ao menos 30 voos teriam sido atrasados e outros seis cancelados nos principais aeroportos da cidade, segundo relataram agências oficiais. Já no sudoeste russo, um drone teria danificado um depósito de petróleo, iniciando um incêndio em um tanque de combustível. Não foram relatados feridos, e Kiev não comentou os episódios.

Em julho, quando rompeu a chamada Iniciativa de Grãos do Mar Negro, o governo Putin afirmou que passaria a considerar qualquer navio que entrasse em um porto ucraniano como potencialmente transportando carga militar, numa sinalização de possível ataque.

Com o objetivo de retomar o acordo, mesmo que em outros formatos, conversas foram feitas entre Putin e seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, embora nenhuma nova costura foi formalmente estabelecida.

As movimentações deste domingo ocorrem às vésperas da ida do presidente Volodimir Zelenski a Nova York, para a Assembleia-Geral da ONU. O ucraniano é uma das figuras mais esperadas deste ano.

Está em aberto a possibilidade de Zelenski ter uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —segundo Brasília, há um pedido informal de bilateral que ainda não foi confirmada.

Além de falar no púlpito da Assembleia-Geral pouco após Lula e o americano Joe Biden, ele também discursará, na quarta-feira, em uma reunião do Conselho de Segurança, a mais alta instância da ONU, encontro que também deve contar com o chanceler russo, Serguei Lavrov.

Enquanto isso, não há perspectivas de um atenuar da guerra.

Em entrevista publicada pelo jornal alemão Berliner Morgenpost neste domingo, o secretário-geral da Otan (aliança militar ocidental), o norueguês Jens Stoltenberg, afirmou que todos devem se preparar para “uma longa Guerra da Ucrânia”.

“Temos de reconhecer que, se o presidente Zelenski e os ucranianos pararem de lutar, o país deixará de existir”, afirmou. “Já se o presidente Putin e a Rússia pararem com as armas, teremos paz. A maneira mais fácil de acabar com esta guerra é Putin retirar as suas tropas.”

Ainda neste domingo, o general Alexander Sirski, comandante das forças terrestres da Ucrânia, afirmou que o país reconquistou o território da vila de Klichiivka, nos arredores de Bakhmut, cidade que a Rússia afirma ter tomado, ainda que prossigam os combates. Antes da guerra, a vila tinha cerca de 400 pessoas.

Com Reuters e The New York Times

Fonte: Folha de São Paulo

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