O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou nesta sexta-feira (13) seu aliado centrista e político veterano François Bayrou como primeiro-ministro, com o desafio de reunir uma maioria parlamentar que impeça sua queda e agrave ainda mais a crise política.
Aos 73 anos, Bayrou vai suceder o conservador Michel Barnier, que caiu em 4 de dezembro após uma moção de censura do Parlamento quando tentava aprovar os orçamentos para 2025.
Atualmente, Bayrou é prefeito de Pau, nos Pirineus (sudoeste da França). Ele está no cargo desde 2014 e é um antigo conhecido da classe política. Fundador e líder do partido Movimento Democrático, o MoDem, ele é mais conhecido pelo público francês por seu mandato como ministro da Educação em um governo conservador, sob o presidente socialista François Mitterrand (1981-1995).
Desde então, Bayrou exerceu mandatos como deputado, membro do Parlamento Europeu e prefeito. Foi candidato à Presidência três vezes: 2002, 2007 e 2012. Seu melhor resultado foi na segunda tentativa, quando ficou em terceiro lugar com quase 19% dos votos.
Para o pleito de 2017, decidiu apoiar Macron, que irrompeu do centro com um discurso reformista e retribuiu nomeando-o como ministro da Justiça, cargo que ocupou por apenas 34 dias.
Uma investigação judicial sobre supostas fraudes no recrutamento de assessores no Parlamento Europeu o forçou a deixar o cargo. Em fevereiro deste ano, a Justiça condenou o partido MoDem, mas absolveu seu fundador em nome do “benefício da dúvida”.
Embora o caso continue em aberto depois que a Promotoria recorreu da sentença, isso não impediu a sua nomeação. Resta saber se conseguirá obter uma maioria parlamentar. A composição do futuro governo e suas prioridades serão fundamentais.
De acordo com o site do MoDem, Bayrou nasceu em 25 de maio de 1951 em Bordères, nos Pireneus Atlânticos. Ele tem origem em uma família de pequenos agricultores e cresceu em ambiente modesto, mas repleto de livros.
Aos 23 anos, ele se tornou professor de letras clássicas. Após a morte de seu pai em um acidente de trabalho, ele passou a conciliar sua carreira com a administração da propriedade da família, da qual ele participa até hoje. Ele diz que nunca deixará a vila onde nasceu.
Católico, Bayrou chegou a defender a laicidade e a separação entre esferas pública e privada na França, considerando esses os princípios essenciais para a liberdade e neutralidade do Estado.
Em seu livro “2012, Estado de Emergência”, ele identifica as causas das dificuldades do país: o endividamento que impõe pesadas cargas às gerações futuras, o abandono da produção industrial e o declínio da educação.
A capacidade de Bayrou de construir pontes provavelmente será crucial nos próximos dias, já que o Parlamento francês está dividido em três blocos principais desde que Macron convocou eleições antecipadas em junho.
Uma aliança de partidos de esquerda, formada principalmente para impedir a ultradireita, obteve o maior número de votos, mas ainda não alcançou a maioria. Macron provavelmente está esperando que a experiência política de Bayrou e suas boas relações com diferentes facções ajudem a tirar a França do caos político atual.