O primeiro-ministro centrista da Bélgica, Alexander De Croo, anunciou que vai renunciar ao cargo depois que seu partido foi derrotado nas eleições gerais realizadas neste domingo (9).
Os grandes vencedores do pleito foram as siglas de direita NVA (Nova Aliança Flamenga), que conquistou o maior número de assentos no Parlamento, e de ultradireita separatista VB (Vlaams Belang), que busca desmembrar a Bélgica entre Flandres, a região do país ao norte que fala holandês, e Valônia, a região ao sul povoada por falantes de francês.
As eleições na Bélgica coincidiram com o pleito para o Parlamento Europeu, o legislativo da União Europeia que tem sede em Bruxelas, capital do país.
“Foi uma noite particularmente difícil para nós, o sinal dos eleitores foi claro”, reagiu De Croo, enxugando uma lágrima, diante de militantes de seu partido, o Open VLD, que recebeu menos de 8% dos votos. Ele apresentou sua renúncia ao rei Felipe, chefe de estado do país.
“Amigos, nós vencemos essas eleições”, disse a apoiadores o líder do NVA, Bart De Wever. “E admitam: vocês não esperavam por isso. As pesquisas eram ruins, a imprensa estava contra nós, mas vocês não desistiram.”
Prefeito da Antuérpia, De Wever é candidato a primeiro-ministro e deve substituir De Croo se conseguir formar uma coalizão com maioria no Parlamento —tarefa que não deverá ser fácil: depois das eleições de 2019, a Bélgica levou 493 dias para formar uma coalizão —tendo ficado sem governo definitivo por 652 dias.
Com o aumento do apoio à extrema direita em Flandres e o avanço da esquerda na Valônia, há receios de que esta situação se repita ou que o recorde estabelecido entre 2010 e 2011, quando os políticos demoraram 541 dias para formar um governo, possa até ser superado.
Na Valônia, o liberal MR (Movimento Reformador) superou o Partido Socialista ao receber cerca de 30% dos votos e ficar em primeiro lugar. Enquanto uma coalizão não for formada, De Croo deve permanecer no poder.