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HomeMundoPresidente da Coreia do Sul declara lei marcial - 03/12/2024 - Mundo

Presidente da Coreia do Sul declara lei marcial – 03/12/2024 – Mundo

O presidente da Coreia do Sul, Yook Suk-yeol, decretou lei marcial nesta terça (3), pegando o país de surpresa em meio a uma grave disputa com a oposição no Parlamento. Atividades políticas e liberdades civis estão banidas.

“Eu declaro lei marcial para proteger da livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas da Coreia do Norte, para erradicar as desprezíveis forças antiestatais pró-Coreia do Norte que estão pilhando a liberadde e a felicidade do nosso povo, e para proteger a ordem constitucional”, disse Yoon.

A oposição, com quem Yoon tem travado uma dura disputa nos últimos meses, disse que não reconhece a medida e que ela aponta uma tentativa de golpe por parte do presidente.

Segundo o Comando de Lei Marcial, instituído por Yoon, liberdades civis estão restritas. Todos que desrespeitaram regras poderão ser presos, segundo o Exército, e a as atividades políticas de partidos dentro e fora do Parlamento estão banidas por ora.

Lei marcial geralmente é evocada em tempos de guerra —a rigor, Seul está num conflito congelado com Pyongyang desde o armistício que pôs fim a três anos de combate em 1953.

Yoon, do conservador Partido do Poder do Povo, tem enfrentado resistência do Congresso, que é controlado pelos liberais do Partido Democrático. A mais recente querela é sobre o orçamento do ano que vem, que adversários dizem ser uma cortina de fumaça para tirar foco de escândalos envolvendo aliados e até mesmo sua mulher.

O líder da oposição, Lee Jae-Myung, afirmou que a lei marcial é inconstitucional. Ele convocou uma reunião de emergência no Parlamento com membros de seu partido, mas foi barrado na porta por soldados.

A gravidade da crise, apesar das contínuas rusgas entre governo e oposição, não era esperada. A política sul-coreana sempre contrastou com sua pujança econômica, sendo um campo minado de disputas.

Desde que foi criado em 1948, o país foi governado por uma ditadura militar e líderes autocráticos até 1987, quando começou a transição para a democracia liberal que ganhou corpo pleno apenas em 2002.

Em seu pronunciamento em rede nacional, que não havia sido anunciado, Yoon disse que “não teve outra escolha”. Segundo ele, a gota d’água foi uma moção do partido Democrático para impedir alguns procuradores de Estado e sua rejeição ao orçamento proposto pelo Executivo.

Seu rival Lee disse à agência Yonhap que o país será “governado por tanques, blindados de transporte de pessoal e soldados com armas e facas’.

“A economia da República da Coreia vai colapsar de forma irreversível. Meus concidadãos, por favor venham à Assembleia Nacional”, disse, usando os nomes formais do país e do Congresso.

A crise ocorre no momento de grave tensão com a Coreia do Norte, cujo ditador Kim Jon-un recrudesceu a retórica militarista e até explodiu estradas que ligavam os dois países. Kim assinou um polêmico acordo de defesa mútua com a Rússia de Vladimir Putin e aparentemente enviou soldados para lutar na Ucrânia.

Os Estados Unidos, principais fiadores de Seul, ainda não se manifestaram. Desde o governo anterior ao de Yoon, Washington elevou a retórica contra Pyongyang e colocou os sul-coreanos no comitê que define o uso de armas nucleares em caso de um ataque do Norte.

Fonte: Folha de São Paulo

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