Apoiadores do ex-primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, que está preso, entraram em confronto com a polícia em um protesto contra o atual governo neste sábado (5).
O objetivo do grupo é chegar à capital, Islamabad, e desafiar o veto a aglomerações que vigora na cidade para pressionar pela libertação de Khan. Eles planejam se reunir na chamada zona vermelha de Islamabad, área onde ficam o Parlamento e diversas embaixadas estrangeiras.
O momento é particularmente sensível para o governo, que realiza uma série de eventos diplomáticos nas próximas duas semanas, incluindo uma visita do ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar.
Segundo o ministro do Interior, Mohsin Naqvi, os manifestantes dispararam e lançaram em diversos momentos gás lacrimogêneo contra a polícia. Os agentes tinham sido instruídos a não portar armas para evitar uma escalada, e mais de 80 deles acabaram feridos.
Os manifestantes eram liderado por Ali Amin Gandapur, governador da província de Khyber-Pakhtunkhwa, onde o partido de Khan ainda está no poder. A emissora local Geo News afirmou que ele foi preso ainda neste sábado, mas a informação não foi confirmada pelas autoridades.
A legenda do ex-premiê, o Paquistão Tehreek-e-Insaf (PTI), nega o uso de violência e afirma que deseja realizar uma reunião pacífica.
Khan está na prisão desde o ano passado, acusado de corrupção e outros crimes. Os juízes consideraram, entre outros, que ele foi responsável por divulgar o conteúdo de um telegrama secreto enviado ao governo de Islamabad pelo embaixador do Paquistão em Washington. O político defende que o material já tinha aparecido na imprensa por outras fontes antes de ele citá-lo.
Naqvi havia pedido ao PTI que adiasse qualquer manifestações para o período posterior aos compromissos diplomáticos na cidade, incluindo uma reunião da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) nos dias 15 e 16 de outubro que contará com delegações da China, Rússia e Índia.
Ainda no sábado, o ministro disse que as autoridades tinham informações de que os manifestantes planejavam interromper a conferência da SCO para chamar a atenção. “Não podemos permitir isso. De novo, digo a eles: não ultrapassem mais limites —não nos façam tomar medidas extremas”, afirmou.
O PTI, que afirma que o protesto em Islamabad é apenas por um dia, também está realizando uma reunião na cidade oriental de Lahore no sábado, onde um bloqueio de estradas está em vigor.
N a primeira vez em que Khan foi preso, em maio de 2023, centenas de seus eleitores bloquearam ruas e rodovias e tomaram edifícios públicos pelo país exigindo a sua libertação. Vários deles foram detidos pela polícia, acusados de provocar tumultos, e depois foram e presos julgados.
As tensões voltaram a aumentar no país no início do ano, às vésperas das eleições. No dia anterior ao pleito, ataques terroristas no Baluchistão, reivindicados pelo Estado Islâmico local, mataram 26 pessoas e feriram dezenas. Dois dias antes, outro atentado em Pishin, perto da fronteira afegã, resultou em dez mortes.