Os partidos de oposição da Coreia do Sul apresentaram nesta quarta-feira (4) um pedido de impeachment para destituir o presidente, Yoon Suk Yeol, que na terça-feira (3) decretou a lei marcial e a suspendeu horas depois, após protestos generalizados.
O presidente, conservador, impopular e com dificuldades para governar por não ter maioria no parlamento, surpreendeu ao decretar pela primeira vez em mais de 40 anos uma lei marcial, que justificou pela ameaça da Coreia do Norte e das “forças antiestatais”.
Embora tenha recuado horas depois, a decisão mergulhou o país em uma das piores crises políticas de sua história moderna e deixou em aberto o futuro de Yoon.
“Apresentamos uma moção para destituí-lo, preparada com urgência”, disseram, em uma coletiva de imprensa, representantes de seis partidos de oposição, incluindo o principal, o Partido Democrático.
O pedido deve ser votado nesta sexta-feira (6).
O Partido Democrático exige a renúncia de Yoon e anunciou ações judiciais por insurreição contra o presidente, seus ministros da Defesa e do Interior e vários cargos militares e policiais envolvidos.
A maior organização sindical do país convocou uma “greve geral” até que o presidente renuncie.
Até mesmo Han Dong Hoon, líder do Partido do Poder Popular, que apoia o presidente, exigiu explicações e assegurou que “todos os responsáveis devem prestar contas”.
A presidência ainda não reagiu, mas a agência estatal de notícias Yonhap assegura que os principais assessores de Yoon ofereceram renúncia em massa.
Após ter declarado a lei marcial, o presidente, um ex-promotor que chegou à presidência em 2022, decidiu suspendê-la depois que 190 deputados desafiaram as forças de segurança e entraram no Parlamento para votar contra a decisão.
A Constituição da Coreia do Sul estipula que a lei marcial deve ser suspensa se a maioria do Parlamento assim o solicitar.
Por volta das 4h30 locais (19h30 GMT de terça-feira), Yoon apareceu na televisão para anunciar a retirada “dos militares mobilizados para as operações da lei marcial”.
A decisão foi recebida com júbilo pelos milhares de manifestantes que se concentraram na noite de terça-feira em frente ao Parlamento, entoando cânticos de “Prendam Yoon Suk Yeol!”.
“Este ato de imposição sem causa legítima é um crime grave em si mesmo”, disse Lim Myeong-pan, de 55 anos. “Ele pavimentou o caminho para sua própria destituição”, afirmou.
A bolsa de Seul fechou nesta quarta com perdas de 1,44% e o governo anunciou que fornecerá “liquidez suficiente” para apoiar os mercados financeiros.
Para justificar a lei marcial, a primeira desde a instauração de um regime democrático no país em 1987, Yoon disse em um discurso solene na televisão que era necessário “salvaguardar uma Coreia do Sul liberal das ameaças colocadas pelas forças comunistas da Coreia do Norte”.
Ele também afirmou que era necessário “eliminar os elementos antiestatais que roubam a liberdade e a felicidade do povo”.