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ONU: Lula tem fala ignorada por parte da imprensa global – 24/09/2024 – Mundo

O debate de alto nível da Assembleia-Geral da ONU, como é chamada a semana em que lideranças globais se reúnem na sede da entidade em Nova York, é considerado um dos mais importantes palcos da política global. Nos últimos anos, porém, sua relevância tem diminuído —o que pode ser creditado à dificuldade da ONU de solucionar as crises globais contemporâneas.

Essa irrelevância ficou evidente na cobertura dos principais jornais do mundo da abertura do evento, nesta terça-feira (24). Por tradição, o Brasil é o primeiro país a discursar, logo após o secretário-geral da entidade. Mas o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só tinha sido objeto de cobertura de 8 de um total de 24 veículos internacionais no intervalo de três horas após o pronunciamento.

Destes, 6 eram da América Latina: os argentinos Clarín e La Nacion, o mexicano El Universal, o chil eno El Mercurio, o colombiano El Espectador e o boliviano La Razón.

A fala do Brasil na Assembleia-Geral no ano passado era particularmente esperada devido à reeleição de Lula. Havia uma expectativa de que, depois do isolamento da diplomacia brasileira durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), o país voltaria a ocupar um papel de protagonismo no xadrez internacional. O discurso do petista nesta terça, mais de um ano e meio depois do início de seu terceiro mandato, não era, portanto, tão aguardado.

A maioria dos veículos optou por destacar a declaração de Lula de que a ausência de países da região no Conselho de Segurança, órgão mais poderoso da ONU, era inaceitável —reformas na governança da entidade multilateral são uma das principais bandeiras da política externa do governo petista.

Além desses periódicos, outros consultados que mencionaram o discurso foram o israelense Haaretz e a rede qatari Al Jazeera.

A falta de menção ao discurso de Lula nos principais jornais dos Estados Unidos era particularmente notável. No The New York Times, que publicava notas ao vivo sobre a Assembleia-Geral, o pronunciamento do brasileiro não foi nem sequer citado, e uma observação sobre o discurso do secretário-geral, António Guterres, foi imediatamente sucedida por comentários sobre a fala do presidente americano, Joe Biden, no plenário.

O Washington Post chegou a mencionar as declarações do brasileiro em uma reportagem, mas apenas para introduzir as críticas que seu governo vem recebendo em relação à maneira como tem combatido as queimadas que se espalham no país.

O único texto que o francês Le Monde tinha publicado sobre o evento antes do discurso de Biden era, por exemplo, um editorial intitulado “O Trágico Fracasso do Multilateralismo”.

Nele, o veículo defende a urgência de uma reforma do Conselho de Segurança da ONU e afirma que a sua formação atual, que dá a China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia poder de veto, “tornou-se uma caricatura do estado do mundo” hoje.

Fonte: Folha de São Paulo

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