A ONU afirmou nesta terça-feira (28) que considera “muito pouco provável” encontrar mais sobreviventes após o deslizamento de terra em Papua-Nova Guiné, na Oceania. O governo estima que haja cerca de 2.000 pessoas soterradas após uma grande encosta cair sobre vilarejos no norte do país.
“Não é uma missão de resgate, é uma missão de recuperação [de corpos]”, declarou Niels Kraaier, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para Papua-Nova Guiné.
A região de Yambali foi atingida quando parte do monte Mungalo desabou na madrugada da última sexta-feira (tarde de quinta-feira no Brasil), quando a maioria dos moradores estava dormindo.
As missões de resgate foram prejudicadas pela localização remota e pelos conflitos entre tribos da região, que tornam mais demorada a passagem de comboios de ajuda.
Até esta terça-feira (28), só cinco corpos havia sido retirados dos escombros.
Moradores tentam ajudar em resgate
Desde a tragédia, os moradores da região participam das operações ao lado da pilha de escombros em busca dos parentes desaparecidos, muitas vezes cavando sem os instrumentos adequados.
As autoridades da província de Enga, onde ocorreu a tragédia, alertaram para o risco de novos deslizamentos e começaram a retirada de 7.900 habitantes de vilarejos próximos.
“A tragédia ainda está acontecendo. A cada hora escutamos rochas quebrando, é como uma bomba ou um tiro. E as pedras continuam caindo”, disse o governador de Enga, Sandis Tsaka.
“Essa era uma área cheia de casas, empresas, igrejas e escolas. Tudo foi destruído. Agora é como a superfície da Lua, só tem rochas”, afirmou Tsaka.
Imagens de satélite mostram a dimensão do desastre: uma extensa mancha de escombros nas cores amarelo e cinza, que atravessam áreas verdes e cortam a única estrada da região.
Nicholas Booth, diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, disse que muitos moradores se recusam a deixar a área porque acreditam poder encontrar os parentes desaparecidos.
Booth declarou que serão necessários estudos geológicos para determinar quantas pessoas devem ser realocadas de maneira permanente.
As prioridades, segundo Booth, são a ajuda emergencial e a limpeza da área afetada. “O deslizamento bloqueou a estrada que segue para o oeste, o que dificulta não apenas o acesso à área, mas também às comunidades próximas.”
Booth estima que 30 mil pessoas estejam isoladas e com reservas suficientes apenas para as próximas semanas. Policiais e militares papuanos devem chegar à região para cercar as áreas mais perigosas e garantir a segurança.