O FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, está investigando o que parece ter sido outra tentativa de assassinar o ex-presidente americano Donald Trump. Sua campanha disse que ele saiu ileso no episódio do último domingo (15), que ocorreu em seu clube de golfe em West Palm Beach, na Flórida, pouco mais de dois meses após o atentado em um comício em Butler, na Pensilvânia.
Autoridades disseram que a equipe do Serviço Secreto atirou em um suspeito, que estava armado com um fuzil e se escondia nas moitas ao redor do clube. O suspeito fugiu e foi capturado logo em seguida, de acordo com autoridades.
Leia abaixo o que se sabe até agora sobre o incidente.
O que aconteceu no clube de golfe?
Um agente do Serviço Secreto estava à frente de Trump no campo de golfe quando avistou o cano de um fuzil saindo de uma cerca ao redor do clube por volta das 13h30, disse o xerife Ric Bradshaw, do Condado de Palm Beach, em uma entrevista coletiva. O Serviço Secreto atirou no homem, que fugiu a pé e entrou em um Nissan preto. Não ficou claro se o suspeito fez disparos.
De acordo com uma pessoa informada sobre a situação, em seguida Trump retornou para Mar-a-Lago, sua residência e clube privado, e seu escritório de campanha em West Palm Beach foi trancado.
O FBI disse estar investigando o incidente como uma aparente tentativa de assassinato do ex-presidente, que, segundo o xerife Bradshaw, estava a cerca de 365 metros de distância do suspeito. Autoridades policiais estão tentando determinar quem comprou a arma e onde ela foi vendida.
No local, os investigadores encontraram um fuzil semiautomático com mira e duas mochilas contendo azulejos de cerâmica pendurados na cerca. Eles também encontraram uma câmera de vídeo e acreditam que o suspeito planejava filmar o possível ataque a tiros.
Em conversas com amigos e aliados durante a tarde, Trump brincou ao afirmar que desejava ter conseguido terminar sua partida de golfe.
O que se sabe sobre o suspeito?
Autoridades policiais identificaram o suspeito como Ryan Wesley Routh, 58. Ele foi entrevistado pelo The New York Times para um artigo de março de 2023 sobre voluntários americanos que viajaram para a Ucrânia para apoiar o esforço de guerra contra a Rússia. Routh é descrito como um ex-operário da construção civil que morou em Greensboro, na Carolina do Norte, e no Havaí. Na ocasião, ele disse que havia viajado para o país após a invasão da Rússia e queria recrutar soldados afegãos que fugiram do Talibã para lutar lá.
Na rede social X, ele ainda expressou o desejo de lutar e morrer no país invadido por Moscou. “Estou disposto a voar para Cracóvia e ir para a fronteira da Ucrânia para me voluntariar, lutar e morrer”, escreveu, em caixa alta. No aplicativo de mensagens Signal, Routh escreveu que “os civis devem mudar essa guerra e prevenir guerras futuras”, como parte de sua biografia de perfil. No WhatsApp, sua biografia dizia: “Cada um de nós deve fazer a nossa parte diariamente nos menores passos para ajudar a apoiar os direitos humanos, a liberdade e a democracia; cada um de nós deve ajudar os chineses”.
Um homem com nome e idade semelhantes aos de Routh foi preso em 2002 em Greensboro após se esconder dentro de um prédio com uma arma, de acordo com o jornal The Greensboro News & Record. O jornal disse que o homem foi acusado de portar uma arma oculta e possuir uma metralhadora totalmente automática. Não está claro como as acusações foram resolvidas.
O xerife William D. Snyder, do Condado de Martin, Flórida, disse que quando seus delegados prenderam o suspeito ele “não estava demonstrando muitas emoções” e não estava armado quando foi retirado de seu veículo.
O que aconteceu na tentativa de assassinato anterior?
Trump sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 13 de julho, quando um atirador posicionado em um telhado disparou contra o ex-presidente enquanto ele falava durante um comício em Butler, na Pensilvânia. Trump foi ferido na orelha direita nesse ataque.
Os tiros mataram Corey Comperatore, um homem de 50 anos que participava do evento, e feriram gravemente outros dois. Trump foi retirado às pressas do palco e ficou bem. Uma fotografia dele sangrando com o punho erguido no ar enquanto o Serviço Secreto tentava retirá-lo do palco se tornou uma imagem marcante de sua campanha.
O Serviço Secreto disse que seus agentes mataram o atirador, identificado pelas autoridades federais de segurança como Thomas Matthew Crooks, um jovem de 20 anos de Bethel Park, na Pensilvânia.
O incidente alimentou críticas intensas do Partido Democrata e do Partido Republicano ao Serviço Secreto por falhas de segurança, e várias investigações sobre o que deu errado naquele dia estão em andamento. A agência adicionou agentes e inteligência à proteção de Trump após o ataque.
A diretora do Serviço Secreto, Kimberly A. Cheatle, renunciou no final de julho após legisladores democratas e republicanos pedirem para que ela se afastasse.
Quais são as novas perguntas sobre o Serviço Secreto?
A aparente tentativa de assassinato de domingo rapidamente levantou novas questões sobre a capacidade da agência de proteger candidatos.
“Certamente um segundo incidente sério, aparentemente envolvendo uma arma de assalto, é profundamente alarmante e chocante”, disse o senador Richard Blumenthal, democrata de Connecticut e presidente do subcomitê do Senado que investiga as falhas de segurança em Butler.
Como em Butler, as circunstâncias no domingo pareciam envolver uma violação de segurança ao redor do perímetro da localização de Trump. A aparente tentativa de assassinato ocorreu no campo de golfe do Trump International Golf Club, uma instalação do ex-presidente que fica cerca de oito quilômetros a oeste de Mar-a-Lago. O atirador tentou se esconder nas moitas na borda do campo, disseram autoridades, estratégia similar à usada pelo atirador em Butler, que encontrou um local em um telhado fora do perímetro de segurança do evento.
O xerife Bradshaw disse que o tamanho da equipe de segurança de Trump é menor do que seria se ele fosse um presidente em exercício.