No mais recente ataque com drones ucranianos contra Moscou, duas pessoas ficaram levemente feridas e dois aeroportos internacionais da capital russa tiveram de ser fechados devido a riscos ao tráfego aéreo nesta segunda-feira (21). Ao todo, cerca de 50 voos foram desviados.
De acordo com o Ministério da Defesa, os dois ataques foram interceptados por contramedidas eletrônicas, que atingem o sistema de navegação dos drones e os fazem cair. Os destroços atingiram primeiro a região de Pokrovskoie, subúrbio no sudeste de Moscou, às 6h50 (0h50 em Brasília).
Já o segundo ataque, às 8h16 (2h16 em Brasília), atingiram o subúrbio de Istra, a noroeste da capital, em uma rua ao lado daquela em que mora a editora-chefe da rede estatal RT, Margarita Simonian, uma das maiores propagandistas do governo de Vladimir Putin.
Ali, duas pessoas foram atingidas por vidro de janelas quebradas em três casas, segundo o governador da região de Moscou, Andrei Vorobiov, no aplicativo Telegram. Já os voos foram suspensos em Domodedovo e Vnukovo, sofrendo restrições parciais no terceiro aeródromo principal da capital, Cheremetevo.
No domingo (20), um bombardeiro estratégico Tu-22, o menor dos três modelos que Moscou opera, foi destruído em um ataque com drone em Soltsi-2, base aérea no noroeste russo a 650 km da fronteira ucraniana.
Não foi a primeira vez em que isso ocorreu, mas a Defesa tentou dizer que o avião havia sido apenas avariado. Imagens posteriores em rede social mostraram que ele foi, na realidade, destruído.
As ações contra Moscou têm se tornado comuns neste ano, devido à dificuldade das defesas aéreas de captar os drones, de tamanho diminuto, chegando. O sofisticado sistema de proteção da cidade, desenhado na Guerra Fria, tem camadas de baterias especializadas em mísseis e aviões de maior porte.
Agora, vive uma transição, com a instalação, desde o fim de 2022, de sistemas de baixa altitude, como o Pantsir-S1. Os equipamentos foram dispostos em pontos como a vizinhança onde mora Putin e onde estão localizados o Kremlin e o Ministério da Defesa. Só que essas baterias só agem nos momentos finais do ataque, o que leva ao risco de danos por destroços —a própria sede do governo foi alvejada em maio.
Além disso, têm sido empregados sistemas de interceptação eletromagnética e eletrônica dos aviões-robôs, como nesta segunda. Os ataques em si têm pouco valor militar, visando mais a um impacto psicológico na população, que ainda apoia de forma majoritária a guerra iniciada por Putin, segundo pesquisas independentes.
Rússia critica promessa de F-16
O embaixador russo na Dinamarca, Vladimir Barbin, repetiu críticas que haviam sido feitas por Putin e pelo chanceler Serguei Lavrov sobre a promessa ocidental de fornecer caças americanos F-16 para Kiev.
“O fato de a Dinamarca ter decidido doar 19 F-16 para a Ucrânia leva a uma escalada no conflito”, disse ele nesta segunda. Após pressão da Ucrânia, que denunciou a falta de comprometimento do Ocidente em fornecer os aviões conforme haviam prometido ao longo deste ano, o governo de Joe Biden anunciou que os EUA autorizariam o repasse dos caças assim que o treinamento dos pilotos estivesse pronto.
Só que isso já havia sido divulgado, sem uma data definida. Agora, espera-se que os treinos comecem nas próximas semanas. Eles devem demorar até o fim do ano, no mínimo, segundo a Defesa dinamarquesa.
Desta forma, os F-16 não chegarão a tempo para fazer alguma diferença na contraofensiva ucraniana, que segue em ritmo lento e sem grandes objetivos conquistados. No fim do ano, o inverno do Hemisfério Norte tende a impedir grandes movimentos de tropas, e a Rússia tem superioridade aérea, embora não costume operar sua aviação nas áreas com defesas ativas na Ucrânia, preferindo disparar mísseis de seu espaço aéreo e apoiar tropas na linha de frente com modelos de ataque e helicópteros.
A Holanda também prometeu doar F-16, dos quais dispõe, segundo o governo, de 42 unidades. Ambos os países estão em processo de desativação da frota para a adoção do também americano F-35, um caça da chamada quinta geração, com características furtivas. Desta forma, todo o debate dos F-16 é algo para o futuro, algo muito incerto. Como seria previsível, em visita a Copenhague nesta segunda, o líder ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que os caças irão mudar o balanço da guerra em seu favor e pediu mais apoio.
Em solo, o Ministério da Defesa ucraniano disse ter tido “algum sucesso” em Donetsk, no leste do país, mas voltou a dizer que a situação na direção nordeste do país, sob ataque russo, “está difícil”.