Uma região do oceano Pacífico disputada por diversas nações asiáticas foi palco de mais um confronto entre China e Filipinas na madrugada desta segunda-feira (19).
Navios dos dois países colidiram em uma zona marítima chamada de mar do Sul da China por Pequim e mar das Filipinas por Manila, fazendo as nações culparem uma a outra pela responsabilidade da ocorrência. O incidente ocorreu perto do banco de areia Sabina, entre a ilha filipina de Palawan e as ilhas Spratly.
“Navios da guarda costeira filipina (…) entraram ilegalmente nas águas perto do recife Xianbin, nas ilhas Nansha, sem permissão do governo chinês”, afirmou o porta-voz da Guarda Costeira Gan Yu citando os nomes chineses para o banco de areia Sabina e as ilhas Spratly.
“Apesar das várias advertências do lado chinês, o navio filipino 4410 colidiu deliberadamente com o navio chinês 21551”, continuou, de acordo com a emissora estatal chinesa CCTV.
Já o governo filipino afirmou que os navios chineses executavam “manobras ilegais e agressivas”. O porta-voz da Guarda Costeira filipina, o contra-almirante Jay Tarriela, afirmou que o navio chinês abriu um buraco no casco do navio filipino, o BRP Bagacay, durante a primeira colisão e amassou suas grades na segunda, quando também danificou o casco e o tubo de escape de outro navio, o BRP Cape Engano.
Manila divulgou imagens que mostram um buraco no casco do BRP Bagacay.
Gan responsabilizou as Filipinas pelo incidente e afirmou que Manila fez manobras perigosas. “A Guarda Costeira chinesa adotou medidas de controle contra os navios filipinos, segundo a lei”, acrescentou. Nas imagens exibidas pela CCTV, um navio, identificado por Pequim como uma embarcação de bandeira filipina, colide com um navio chinês e prossegue viagem.
Outras fotos do canal estatal chinês mostram o navio do país batendo na popa da embarcação filipina enquanto legendas afirmam que o incidente ocorreu depois que o navio de Manila fez uma “mudança repentina de direção”. “Advertimos de modo veemente o lado filipino a cessar imediatamente suas infrações e provocações”, disse Gan.
Para o diretor-geral do Conselho de Segurança Nacional das Filipinas, Jonathan Malaya, “não foi [o BRP Bagacay] que colidiu [com o outro navio], e sim o contrário”. “As evidências físicas demonstram”, afirmou ele. A tripulação filipina não ficou ferida e prosseguiu com a missão de abastecimento nas ilhas Spratly, completou.
Segundo Manila, esta é a primeira ação hostil de Pequim naquela região, onde os dois países ancoram navios de suas respectivas guardas costeiras há meses. O governo das Filipinas teme que a China construa uma ilha artificial no local.
Seis países reivindicam partes dessa zona marítima, uma importante rota comercial onde mais de 250 pequenas ilhas, recifes, bancos de areia e pequenas massas de terra se distribuem.
Pequim, contudo, quer o equivalente a 85% da região, uma área equivalente à da Índia. Em 2016, a ONU julgou uma queixa das Filipinas sobre a presença chinesa em áreas disputadas do mar e decidiu que a linha reivindicada por Pequim é inválida, mas não julgou a soberania do local. A China rejeitou a decisão, argumentando que o tribunal não tem jurisdição sobre esse assunto.