Joe Lieberman, senador dos EUA por quatro mandatos representando o estado de Connecticut e companheiro de chapa democrata de Al Gore na eleição presidencial de 2000, vencida por George W. Bush e Dick Cheney quando a Suprema Corte interrompeu a recontagem de votos na Flórida, morreu nesta quarta-feira (27) em Nova York. Ele tinha 82 anos.
Sua família disse em comunicado que a morte se deu em decorrência das complicações de uma queda. Seu cunhado Ary Freilich disse que a queda de Lieberman ocorreu em sua casa no Bronx e que ele faleceu no Hospital New York-Presbyterian.
Lieberman —uma voz nacional de moralidade como o primeiro grande democrata a repreender o presidente Bill Clinton por seu relacionamento sexual com Monica Lewinsky, então estagiária da Casa Branca— foi nomeado companheiro de chapa de Gore e se tornou o primeiro candidato judeu em uma chapa presidencial de um grande partido.
A chapa venceu por uma pequena margem de votos populares —meio milhão a mais do que Bush e Cheney. Mas na noite do dia da eleição, nenhum vencedor claro havia surgido no Colégio Eleitoral, e uma intensa luta judicial tomou o centro do palco.
Tudo se resumiu aos resultados na Flórida, onde menos de 600 votos pareciam separar os candidatos. Em uma decisão histórica, a Suprema Corte dos EUA decidiu que diferentes padrões de recontagem em diferentes condados haviam violado uma cláusula da Constituição e ordenou o fim das recontagens. A decisão concedeu os 25 votos eleitorais da Flórida, e consequentemente a Presidência, a Bush.
“Foi um erro de justiça em dois níveis”, disse Lieberman em uma entrevista de 2023 para este obituário. “Um foi que a Suprema Corte da Flórida já havia decidido a nosso favor para continuar as recontagens, e o outro que foi uma decisão política extrajudicial tomada na crise de uma transição de poder, e fora dos precedentes da Suprema Corte.”
Lieberman buscou a indicação presidencial democrata de 2004, mas perdeu várias primárias e se retirou da corrida. Ele acreditava que seu apoio à Guerra do Iraque havia condenado sua candidatura.
Até mesmo sua posição com os eleitores de Connecticut havia diminuído. Candidato a um quarto mandato no Senado em 2006, ele perdeu a primária democrata para um candidato contrário à guerra, mas venceu em uma surpreendente reviravolta na eleição geral.
“Como democrata, Joe não tinha medo de se envolver com senadores de outros partidos e trabalhava duro para conquistar votos fora de seu partido”, disse Bush em comunicado após a morte de Lieberman. “Ele se envolveu em debates sérios e ponderados com vozes opostas sobre questões importantes.”
Joseph Isadore Lieberman nasceu em Stamford, no estado de Connecticut, em 24 de fevereiro de 1942, o mais velho de três filhos de Henry e Marcia (Manger) Lieberman. Seu pai era dono de uma loja de bebidas, e sua mãe era dona de casa. Lieberman e suas irmãs, Rietta e Ellen, cresceram em meio à classe trabalhadora de Stamford.
Em Yale, ele se formou em ciência política e economia, ingressou na NAACP, uma das principais organizações pela defesa dos direitos civis nos EUA, e no Partido Democrata. Foi editor, presidente e principal editorialista do The Yale Daily News. Ele se formou com honras com um diploma de bacharel em 1964 e recebeu seu diploma de direito de Yale em 1967.
Seu casamento em 1965 com Betty Haas terminou em divórcio em 1982. No mesmo ano, ele se casou com Hadassah Freilich Tucker, filha de sobreviventes do Holocausto. Deixa sua esposa; dois filhos de seu primeiro casamento, Matthew e Rebecca Lieberman; uma filha de seu segundo casamento, Hana Lieberman; um enteado de seu segundo casamento, Ethan Tucker; duas irmãs, Rietta Miller e Ellen Lieberman; e 13 netos.