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Moradores se recusam a deixar rua do Bom Parto após visita da Defesa Civil

O risco iminente de colapso da mina nº 18, mantida pela Braskem, na região da Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, ligou o alerta dos órgãos públicos e da população alagoana. Na noite dessa quarta-feira (29), assistentes sociais da Defesa Civil de Maceió estiveram na Rua São Francisco, no Bom Parto, a localidade habitada mais próxima da mina, para orientar os moradores sobre a necessidade de deixarem suas residências. 

A equipe chegou por volta das 22h30. No entanto, a maioria não aceitou sair de casa e protestou contra a ação da Defesa Civil. Uma equipe da TV Pajuçara esteve no local e gravou um vídeo (veja abaixo) que mostra a revolta da população. Aos gritos e protestos, a população acompanhou as assistentes sociais até elas deixarem a comunidade.

A Rua São Francisco está dentro de uma faixa de, aproximadamente, 200 metros de distância da mina nº 18, que corre o risco iminente de colapso. Em razão disto, moradores estão sendo orientados a deixar a localidade e seguir para um abrigo, conforme explica Fernando Lima, o líder comunitário do Bom Parto.

“A Rua São Francisco está dentro dessa faixa de 200 metros. Foi detectada que ela é a mais próxima e que, por não saber o que possa acontecer, foi colocado que as pessoas deveriam ser retiradas para um abrigo. Isso foi colocado a disposição dos moradores”, disse Fernando, em entrevista à TV Pajuçara, que também aproveitou para tecer duras críticas contra a Braskem e a Justiça.

“A Justiça determinou que a polícia pode vir e retirar [entenda abaixo], mas ela não determinou que a Braskem venha e faça essa realocação, que a gente está pedindo há mais de dois anos. Então pode retirar à força para um abrigo, mas não pode realocar? Porque ela é causadora disso tudo, nós estamos nessa situação por motivos da principal mineradora ter causado todo esse transtorno”, finalizou.

(Crédito: TV Pajuçara/Reprodução)

Justiça autoriza uso da força policial em caso de resistência durante desocupação de área de risco. Uma decisão do juiz federal Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda autoriza o uso da força policial, em caso de resistência durante a desocupação da área de risco, classificada como criticidade 00 pelo Mapa da Defesa Civil. A determinação foi feita no final da tarde desta quarta-feira, 29.

“Analisando os fatos expostos, verifico a urgência e a gravidade da situação relatada pelas partes requerentes. A atualização acerca dos microssismos e movimentações de solo atípicas, aliada à correlação indicativa de possíveis condições de deslocamento abrupto do solo, demanda a adoção de medidas imediatas para garantir a segurança da população”, consta na decisão.

Risco iminente de colapso de mina nº 18 – O coordenador da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre, explicou ao Fique Alerta nessa quarta-feira, 29, que a mina de extração de sal-gema, identificada como ‘número 18’, é a que está em risco iminente de colapso. A mina está localizada na região do antigo Centro de Treinamento do CSA, no Mutange, em Maceió. 

Segundo Abelardo, há risco de desabamento na área emersa, em solo, próximo à Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, e na margem da Lagoa Mundaú, em região submersa. 

“É uma notícia não muito boa, embora venhamos monitorando e que estava sendo previsto, embora com todo esforço de preenchimento dessas minas. Uma dessas minas, a número 18, não deu tempo de ser preenchida e vem apresentando esses sismos de forma bastante frequente desde o dia 6 de novembro. Esses sismos cada vez mais com maior intensidade, frequência e indo em direção à superfície. Com esses dados e também de outro aparelhos, chegamos a conclusão que há uma iminência de colapso desta mina. Essa mina está muito próxima à margem da laguna, da lagoa Mundaú. Por isso que pedimos que as pessoas que pescam nessa região evitem chegar próximo ao local, ou ter acesso à Lagoa Mundaú. Há uma demarcação de bóias que foram colocadas pela Marinha, inclusive, neste momento, a Marinha está fazendo um trabalho com os pescadores para evitar que as pessoas tenham acesso à lagoa até pelo menos uma segunda avaliação da Defesa Civil”. 

Decreto de emergência e criação de Gabinete – Um decreto assinado pelo prefeito JHC, publicado em edição extraordinária do Diário Oficial do Município, nessa quarta-feira (29), declara situação de emergência por 180 dias em Maceió devido ao iminente colapso da mina nº 18, mantida pela Braskem, na região da Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, na capital. Acesse a publicação aqui

Além do decreto, um gabinete de crise foi criado emergencialmente pelo prefeito de Maceió, para acompanhar a situação na localidade. O Gabinete comunicou oficialmente os órgãos de controle e de segurança sobre o perigo do desastre. 

*Estagiário sob supervisão



Fonte: TNH1

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