A ministra da Transição Ecológica da França, Agnès Pannier-Runacher, anunciou nesta quarta-feira (13) o cancelamento de sua participação na COP29, a conferências das Nações Unidas sobre mudança climática em curso no Azerbaijão. A decisão foi a resposta à acusação do presidente azeri e anfitrião do evento, Ilham Aliyev, de que Paris cometeu “crimes” colonialistas na Nova Caledônia.
Incidentes diplomáticos como esse não eram esperados em uma COP esvaziada da presença de líderes. O presidente francês, Emmanuel Macron, foi apenas um dos que declinaram do convite de participar da COP29. Pannier-Runacher o havia substituído como principal representante da França e negociadora dos temas em discussão, em especial o financiamento do clima.
Tampouco era esperado que o autoritário Aliyev apontasse o dedo para as políticas de parceiros da COP. Em discurso, o líder azeri criticou Paris pela repressão a protestos ocorridos em maio passado no arquipélago francês, no Pacífico, e recebeu aplausos de delegados de algumas nações insulares daquela região.
“Os crimes da França em seus chamados territórios ultramarinos não estariam completos sem mencionar as recentes violações dos direitos humanos”, disse Aliyev, que presidente o Azerbaijão desde 2003 e lidera um governo com claro viés autoritário. “O regime do presidente Macron matou 13 pessoas e deixou 169 feridos (…) durante protestos legítimos do povo Kanak, na Nova Caledônia”, acrescentou.
Pannier-Runacher respondeu imediatamente legisladores franceses, em Paris, que estava cancelando sua participação nas negociações em protesto contra o discurso “deplorável” de Aliyev. Argumentou que o ataque de Aliev era “inaceitável (…) e indigno da presidência da COP”.
A equipe de negociadores franceses, porém, permanecerá em Baku, capital do Azerbaijão, durante a COP29. Segundo a ministra, a França não cederá em em seus esforços para chegara um acordo “que proteja o planeta e seu povo” da mudança climática.
As relações entre Paris e Baku estão tencionadas devido ao apoio da França à Armênia. No ano passado, o governo de Iliyev conduziu uma ofensiva militar relâmpago em Nagorno-Karabakh, região azeri com maioria de habitantes de origem armênia. Diante das tropas, boa parte da população refugiou-se na Armênia.