Especialistas que acompanham a situação do bairro Mutange, afetado pelo afundamento do solo, comentaram as possibilidades para a região depois do rompimento da mina 18. Por meio de nota, a Defesa Civil de Maceió confirmou, no início da tarde de domingo, 10, que a mina se rompeu em um trecho da Lagoa Mundaú. O local está sendo monitorado e os técnicos buscam mais informações. A Braskem também emitiu comunicado sobre o que chamou de “movimento atípico de água na lagoa Mundaú” e garantiu que toda a área está isolada.
O pesquisador e professor de Arquitetura e Urbanismo da Ufal, Dilson Ferreira, usou as redes sociais para explicar o fenômeno. Ele destacou que, com o rompimento, uma cratera está se formando na região, e acredita que deve ser feito um estudo em outras minas, próximas a de número 18, para saber o impacto que o colapso causou a elas.
“Houve o início do rompimento da mina 18 […] Tudo é um processo. Inicia com afundamento do solo, pequenos sismos, como ocorreu, depois tem o colapso da mina, e inicia o processo de rompimento da mina, onde entra água na mina. Então nesse momento está entrando água na mina, e o rompimento está acontecendo, se formando uma cratera. Qual o próximo passo? Depois que estabilizar a água, vai se consolidar a cratera, ela vai abrir, vai erodir, até se estabilizar”, definiu.
“Existem várias minas ali, várias dezenas de minas, e não sabemos o que pode ocorrer com outras minas. Não é fatalismo. Tem que ter os dados. Onde estão os dados das outras minas? Para fazer a comparação da mina 18 com outras minas. Tem que comparar o antes e o agora. Será que houve comportamento diferente nas outras minas de antes do colapso da mina 18 até agora com o colapso? Nós que somos pesquisadores, profissionais da área do urbanismo e arquitetura, que conhecemos a cidade, precisamos de dados para passar segurança à população”, cobrou Ferreira.
Já para Abel Galindo, ex-professor da Ufal e engenheiro civil especialista em geotécnica e geologia, que acompanha a situação do solo na região há décadas, a visão é diferente a partir de agora. Galindo destacou que o afundamento está estabilizado com o preenchimento da mina com areia e água que desceram com o rompimento.
“Finalmente chegamos ao fim da novela mina 18. Foi formada uma pequena turbulência na superfície da água, ali ela já estava submersa. Não sei exatamente a profundidade, mas suponho que tenha sido em torno de 150 metros, pode ter sido para mais ou para menos. Então rompeu a última camada de rocha, que era calcária, e quando rompeu, desceu o solo, a areia, a barreira, e água. E agora está tudo estabilizado”, informou.
Galindo explicou ainda que a Defesa Civil deve medir a profundidade do lago que se formou próximo da turbulência. “Cabe a Defesa Civil fazer a medição para nos informar qual a profundidade do lago que ficou em torno da turbulência. Acredito que tenha se transformado em um lago de 80 metros de diâmetro, ou seja um raio de 40 metros, e pronto. Agora resta saber a profundidade desse lago”.