O militar americano Jack Teixeira, 22, foi condenado a 15 anos de prisão nesta terça-feira (12) após ser acusado de vazar mais de cem documentos sigilosos do Pentágono.
Ele recebeu a sentença de Indira Talwani, juíza distrital em Boston, depois de se declarar culpado das ações em março. “Peço desculpas por todo o mal que causei”, afirmou o militar a Talwani na audiência em que recebeu a sentença.
A magistrada afirmou que Teixeira vazou informações ultrassecretas após receber amplo treinamento sobre a necessidade de protegê-las e de ser advertido sobre as consequências de fazê-lo. “Apesar disso, você postou na internet, no Discord, centenas de documentos ao longo do período de um ano”, disse Talwani.
Teixeira, que está sob custódia desde que foi preso, em abril de 2023, declarou-se culpado de seis acusações relativas à retenção e à transmissão intencional de informações confidenciais pertinentes à defesa nacional.
Antes de receber sua sentença nesta terça, ele assinou um acordo com a Força Aérea, que o tinha acusado de obstruir a Justiça e desobedecer uma ordem legal. O militar deve enfrentar ainda uma corte marcial em março do ano que vem.
Antes do escândalo, Teixeira era um aviador de primeira classe em uma base militar em Cape Cod, no estado de Massachusetts. Ele trabalhava como técnico de informática, na área de operações de defesa cibernética. E, embora tivesse uma patente relativamente baixa, possuía autorização para acessar documentos ultrassecretos relacionados a temas militares sensíveis.
Ele começou a publicar os documentos em um grupo de memes da plataforma Discord em 2022, a princípio transcrevendo-os integralmente. Foi só depois que, notando o desinteresse dos demais membros —unidos “pelo interesse mútuo em armas, equipamentos militares e Deus”, na descrição do jornal americano The Washington Post—, ele começou a postar fotografias dos arquivos.
Nesses fóruns, Teixeira gabava-se de ter acesso a dados sobre “Israel, Palestina, Síria, Irã e China”. Entre os papéis vazados havia informações sobre o fornecimento de equipamentos americanos enviados para a Ucrânia e como eles seriam utilizados após o país ser invadido pela Rússia, em fevereiro de 2022.
Os advogados de Teixeira haviam pedido que a juíza limitasse a pena do militar a no máximo 11 anos de reclusão. Eles argumentaram que seu cliente era autista e solitário e que sua intenção nunca foi prejudicar os Estados Unidos, mas educar amigos que tinha feito na internet sobre o cenário geopolítico, incluindo a Guerra da Ucrânia.
“Eu queria saber o máximo possível porque achava que aquele provavelmente era o evento mais importante da história da minha geração”, disse Teixeira ao comparecer diante de agentes de inteligência em fevereiro.