Usando um quipá, o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, visitou nesta segunda-feira (27) o túmulo do rabino Menachem Mendel Schneerson, em um cemitério do bairro do Queens, em Nova York, para agradecer pela vitória nas recentes eleições argentinas.
Um vídeo do portal judaico COLlive mostra o ultraliberal Milei chegando acompanhado pelos rabinos Mendy Kotlarsky e Simon Jacobson, em meio a aplausos, ao mausoléu onde estão enterrados os restos mortais do rabino de origem ucraniana.
Após a vitória recente no segundo turno presidencial argentino, no domingo (19), Milei afirmou à imprensa que faria esta visita ao local para homenagear Schneerson, influente rabino ortodoxo e sétimo líder da dinastia hassídica Lubavitch, morto em Nova York em 1994. O ultraliberal também dissera, logo após vencer a eleição contra o peronista Sergio Massa, que faria viagem a Israel, além dos EUA, antes de tomar posse, no dia 10 de dezembro.
“A viagem aos Estados Unidos e a Israel tem uma conotação mais espiritual que de outras características”, disse Milei, um dia depois de eleito. Recentemente, ele afirmou em entrevista que, uma vez no governo, mudaria a embaixada argentina em Israel para Jerusalém, como fez o ex-presidente americano, Donald Trump —a mudança pretendida foi mencionada pelo chanceler israelense, Eli Cohen, ao parabenizar o ultraliberal pela vitória.
Trump, aliás, foi uma das figuras políticas mais animadas ao congratular Milei pela vitória, dizendo que estava “muito orgulhoso” e que o ultraliberal faria “a Argentina grandiosa de novo”, ecoando seu slogan de campanha nos EUA. Durante seu mandato, o republicano se colocou como aliado próximo de Israel e atuou pela normalização das relações do país com Estados árabes, representada pela assinatura dos Acordos de Abraão em 2020.
No Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro, expoente da direita global como Milei, também buscou forte aproximação com Israel e a comunidade judaica brasileira mesmo antes da campanha que o levou à Presidência, em 2018 —a estratégia também reforçou laços com sua base de apoio evangélica.
Milei também já deu uma série de outras declarações nas quais coloca Israel, Estados Unidos e o Ocidente de modo geral como os parceiros ideais com quem buscaria estreitar laços em eventual governo, mesmo antes de oficializar sua candidatura à Presidência argentina.
“Estou pensando em me converter ao judaísmo e almejo chegar a ser o primeiro presidente judeu da história da argentina”, disse Milei desde que foi o mais votado nas primárias argentina, em agosto, uma das várias frases destacadas pela imprensa argentina que ajudam a reforçar como Milei tem “uma admiração profunda” e é “fanático por Israel”, nas palavras dele.
Segundo a imprensa argentina, Milei já havia visitado o túmulo do rabino ucraniano durante a campanha. Embora seja católico, o presidente eleito já manifestou interesse no estudo da Torá, o livro sagrado do judaísmo. A Argentina tem a maior comunidade de origem judaica da América Latina e uma das maiores do mundo fora de Israel, com 250 mil pessoas.
Milei viajou em avião privado para os Estados Unidos e se reúne nesta semana em Washington com responsáveis do governo de Joe Biden, da Secretaria do Tesouro e de organizações internacionais de crédito para explicar o plano econômico que pretende colocar em prática com o objetivo de tentar tirar a Argentina da crise, o que inclui ajuste fiscal, desregulamentação e reforma monetária e do Estado.