O governo de Javier Milei, na Argentina, anunciou que vai suspender a aposentadoria vitalícia da ex-presidente Cristina Kirchner. A decisão foi tomada após a Justiça confirmar uma condenação contra ela por fraude. Em resposta, Kirchner chamou o atual presidente de “pequeno ditadorzinho”.
O anúncio foi feito nesta quinta-feira (14) pelo porta-voz presidencial, Manuel Adorni. A suspensão abrange tanto a aposentadoria pessoal de Cristina quanto a derivada de Néstor Kirchner, que foi casado com ela e também exerceu a Presidência, de 2003 a 2007. Segundo o atual governo, as despesas são estimadas em 21 milhões de pesos argentinos (R$ 121 mil) por mês.
Em comunicado, a gestão Milei diz que a aposentadoria vitalícia constitui “uma graça concedida em reconhecimento ao mérito e à honra”. Cristina Kirchner, por sua vez, não teria direito ao benefício devido à “indignidade de ter sido considerada penalmente responsável pelo crime de administração fraudulenta”.
Cristina foi presidente em dois mandatos, de 2007 a 2015, além de vice, de 2019 a 2023. Na quarta, a Justiça argentina manteve a sentença contra ela de seis anos de prisão e inabilitação perpétua para concorrer a cargos públicos. O processo é relacionado a um caso de corrupção em obras públicas.
A ex-presidente ainda pode recorrer à Suprema Corte. Na plataforma X, ela atacou Milei, chamando-o de ditadorzinho. “O pequeno ditadorzinho que você sempre carregou dentro de si está aparecendo”, escreveu ela. “Pare de dar ordens ilegais aos seus funcionários.”
Cristina Kirchner, 71, preside o Partido Justicialista e é a principal referência da oposição ao presidente ultraliberal. Caso a sentença se torne definitiva, ela não cumprirá pena na prisão por ter mais de 70 anos.
A líder opositora recebe, além de sua aposentadoria e dos benefícios vitalícios destinados a todos os ex-presidentes, uma pensão por ser viúva de Néstor Kirchner, que morreu em 2010.
Ao criticar Milei, Cristina ainda mencionou Fernando de la Rúa, que governou a Argentina durante a crise de 2001 e deixou o cargo diante de uma revolta popular. “Pergunte à viúva de Fernando de la Rúa, que recebe a mesma pensão. Como você pode imaginar, ela não recebe [o benefício] pelo desempenho de seu marido no cargo, que teve de sair [da Presidência] de helicóptero.”
“A pensão dos ex-presidentes não é concedida pelo bom desempenho, mas pelo mérito de terem sido escolhidos pelo povo”, afirmou.
Cristina se compara a figuras como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso por 580 dias, mas que depois teve suas condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ela diz que ambos são (ou foram) perseguidos políticos.
