Ao menos 114 pessoas ficaram feridas em Tel Aviv durante confrontos entre apoiadores do governo da Eritreia e opositores ao ditador do país, Isaias Afwerki.
A polícia israelense disparou granadas de efeito moral para conter o conflito, em que manifestantes atiravam pedras e ateavam fogo em lixeiras, de acordo com jornalistas da agência de notícias Reuters que estavam no local. Já imagens nas redes sociais mostraram apoiadores do governo da Eritreia batendo em opositores com cacetetes.
Cerca de 25 mil cidadãos da Eritreia vivem atualmente em Israel em busca de asilo, de acordo com a Assaf, uma organização voltada a refugiados. O grupo de eritreus, que chegou a Israel por meio da fronteira com o Egito, afirma que vai enfrentar perseguição caso seja repatriado.
Autoridades médicas israelenses disseram que 114 pessoas receberam atendimento, incluindo ao menos 30 policiais. Segundo o jornal Times of Israel, entre os casos estavam pacientes com ferimentos a bala, provocados por facadas e com lesões na cabeça. Oito pessoas estão em estado grave.
O jornal também afirma que 39 suspeitos foram presos e que comerciantes da região em que o confronto aconteceu descreveram o cenário como uma “zona de guerra”. Alguns desses empreendimentos tiveram suas fachadas depredadas.
Uma celebração organizada pela embaixada da Eritreia para marcar o Dia da Revolução em 1º de setembro, que relembra o início da Guerra de Independência da Eritreia contra a Etiópia em 1961, desencadeou o episódio. Os conflitos começaram quando opositores à ditadura africana começaram um protesto no endereço em que o evento estava marcado para acontecer.
“Por que fugimos do nosso país?”, disse Hagos Gavriot, um dos manifestantes em Tel Aviv. “Por que a polícia israelense deu a eles uma autorização para celebrar esse ditador? Por que estou aqui procurando abrigo?”
O grupo que busca asilo em Israel enfrenta um futuro incerto no país, onde membros linha-dura do governo e seus apoiadores acusam eritreus de migrar em busca de uma melhora em sua condição econômica.
Isaias Afwerki governa a Eritreia desde que o país conquistou a independência, em 1993. A Eritreia, que está sob sanção dos Estados Unidos e da União Europeia, é acusada por grupos de direitos humanos de ser altamente repressiva.
A ditadura também baniu todos os veículos noticiosos independentes em 2001, mesmo ano no qual prendeu diversos jornalistas. A maioria não teve direito a julgamento.
Centenas de policiais foram destacados para reforçar a segurança da região em que aconteceu o confronto em Tel Aviv. “Neste momento, um contingente de segurança continua a operar na área”, informou a polícia por meio de um comunicado.