O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu em 2023, por 5 votos a 2, tornar Jair Messias Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos após mentiras e ataques ao sistema eleitoral.
O ex-presidente, que tinha 68 anos quando condenado, somente estará apto a se candidatar novamente em 2030, aos 75 anos de idade, ficando afastado portanto de três eleições até lá (sendo uma delas a nacional de 2026).
A ação julgada teve como foco a reunião em julho do ano passado com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.
Na ocasião, a menos de três meses da eleição, Bolsonaro fez afirmações falsas e distorcidas sobre o processo eleitoral, alegando estar se baseando em dados oficiais, além de buscar desacreditar ministros do TSE.
Antes, em 2021, pressionado pela CPI da Covid, pelas ruas e por pesquisas que mostravam aumento de sua reprovação no Planalto e derrota no cenário eleitoral de 2022, Bolsonaro subiu a aposta e intensificou seu discurso golpista.
Bolsonaro disse que a fraude está no TSE eleitoral e, em tom de ameaça, acrescentou que poderia não haver eleições em 2022.
“Não tenho medo de eleições, entrego a faixa para quem ganhar, no voto auditável e confiável. Dessa forma [atual], corremos o risco de não termos eleição no ano que vem.” No dia anterior, o mandatário já havia feito uma ameaça semelhante: “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”.
A fala remete ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, questionou em comício na noite desta terça-feira (23), no estado de Aragua, os sistemas eleitorais do Brasil, dos Estados Unidos e da Colômbia. Segundo o site Monitoreamos, ele afirmou, sem provas, que as eleições nos países não são auditadas.
Maduro também disse que a Venezuela tem o melhor sistema eleitoral do mundo, com 16 auditorias e uma auditoria em tempo real de 54% das urnas.
“Em que outra parte do mundo fazem isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral é auditável? No Brasil? Não auditam nenhuma ata. Na Colômbia? Não auditam nenhuma ata”, disse.
O ataque ocorreu um dia depois de o presidente Lula (PT) afirmar que está assustado com declarações do venezuelano sobre um “banho de sangue” caso ele seja derrotado nas eleições, marcadas para domingo (28).
“Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila”, rebateu Maduro, sem mencionar Lula. “Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita”.