O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o primeiro-ministro do Haiti, Garry Conille, nesta segunda-feira (23) em Nova York. Depois do encontro, o petista disse que o mundo precisa ter “responsabilidade” e que há zero solidariedade internacional com a crise no país.
“Nós temos que assumir responsabilidade —não o Brasil, o mundo— com o Haiti. Não é possível. O país está se deteriorando e a solidariedade internacional, zero”, disse Lula a jornalistas, ao deixar a missão do Brasil junto à ONU, onde a reunião ocorreu.
O Haiti atravessa uma grave crise que tem como principal fator o domínio de gangues criminosas sobre parte do território. No episódio mais tenso da crise, o então presidente Jovenel Moïse, 53, foi morto a tiros em sua residência na capital Porto Príncipe em 2021.
Uma missão multinacional de ajuda liderada pelo Quênia atua há meses no país para ajudar a polícia no combate aos grupos criminosos.
Apesar de ter sido aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, a atual missão no Haiti não é composta pelos tradicionais capacetes azuis, mas por agentes de segurança do Quênia.
O Brasil, que encabeçou uma missão de paz que esteve no Haiti entre 2004 e 2017, rechaçou enviar novamente tropas ao país. O governo Lula aceitou um envolvimento menor, no treinamento de policiais haitianos.
A meta é treinar até 400 agentes no Brasil, em turmas de 30, com início previsto para outubro. A capacitação deve ser feita pela Polícia Federal.
O premiê haitiano disse, ao final do encontro, que Lula se comprometeu a buscar apoio de outros países para o enfrentamento à crise haitiana.
“O presidente Lula, de forma generosa, se comprometeu a mobilizar outros países a apoiar a situação no Haiti”, declarou.
Além da reunião com o haitiano, Lula participou nesta segunda de um almoço oferecido pelo primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz. Também participaram o presidente de Gana, Nana Akufo-Addo, o premiês do Canadá (Justin Trudeau), da Espanha (Pedro Sánchez) e de Barbados (Mia Mottley).
Mais tarde, Lula recebeu na missão brasileira a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O principal tema da conversa foi o acordo comercial em negociação entre a União Europeia e o Mercosul.
As conversas técnicas estão avançadas, mas os dois lados reconhecem que não há no momento ambiente político para fazer o acordo avançar nas instâncias europeias. A ideia é tentar concluir as negociações técnicas o quanto antes, à espera de um momento propício para submeter o texto ao Parlamento Europeu.