O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ao primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, que pretende fechar o acordo com a União Europeia enquanto estiver na presidência do Mercosul.
O petista assumiu o comando do bloco em julho. O mandato dura seis meses.
Os mandatários se encontraram nesta terça-feira (19) em Nova York às margens da Assembleia-Geral das Nações Unidas. A reunião ocorreu no hotel em que Lula está hospedado —o presidente tem evitado se deslocar em razão das dores.
Acompanharam o petista no encontro os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Margareth Menezes (Cultura), Esther Dweck (Gestão), Marina Silva (Meio Ambiente) e Paulo Pimenta (Comunicações).
Outros temas da reunião foram a Guerra da Ucrânia e preservação do ambiente.
O encontro é uma das cinco bilaterais que Lula tem nesta terça. Pela manhã, ele se encontrou com o secretário-geral da ONU, António Guterres, antes de discursar na abertura da Assembleia-Geral.
À tarde, ele teve uma reunião com o presidente da Áustria, Alexander van der Bellen. Os dois falaram sobre a COP30, que será realizada ocorre em Belém, transição energética e industrialização verde —temas que vêm sendo enfatizados também pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acompanha o Lula em sua viagem a Nova York.
Lula também falou com o austríaco sobre a iniciativa sobre biocombustíveis lançada por Brasil, Índia e Estados Unidos durante o encontro do G20 no mês passado.
O petista ainda convidou van der Bellen para visitar o Brasil junto com uma comitiva empresarial.
Depois do encontro com Scholz, Lula se reúne com o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store, e com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.
Nesta quarta (20), acontece o principal encontro bilateral na agenda do petista, com o presidente americano, Joe Biden. Haddad deve acompanhar Lula no encontro com o americano.
Os dois vão lançar em conjunto uma iniciativa sobre trabalho decente no século 21. Temas como precarização do trabalho, representação sindical e aplicativos estão entre os temas que serão abordados. No evento, também estarão presentes lideranças sindicais brasileiras e americanas, assim como o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
Depois, Lula se encontra com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, com o diretor da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e com o presidente do Paraguai, Santiago Peña.
Em seu discurso nesta terça, o petista retomou temas que já perpassaram seus discursos, como combate à desigualdade e à fome. No entanto, ele foi mais incisivo em suas críticas ao sistema internacional, e cobrou os demais países para agir.
“É preciso, antes de tudo, vencer a resignação que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural. Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo”, afirmou.
Um dos alvos da crítica de Lula foi o FMI (Fundo Monetário Internacional). O presidente apontou que a instituição emprestou no ano passado US$ 160 bilhões a países europeus e apenas US$ 34 bilhões para africanos.
O presidente atacou a representação desigual do fundo e do Banco Mundial, em que países que contribuem com mais recursos têm maior peso de voto. Para Lula, isso é “inaceitável”.
Com a fala, o petista reforça a pressão por uma reforma dessas instituições. A bandeira foi abraçada também pelos Estados Unidos, que veem nelas um instrumento para competir com a China —o gigante asiático tem usado financiamento a países em desenvolvimento como forma de obter influência sobre eles.
Lula enfatizou a emergência de outros espaços multilaterais para além da ONU, pano de fundo de uma conferência esvaziada neste ano em Nova York.
“O Brics surgiu na esteira desse imobilismo e constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre países emergentes. A ampliação recente do grupo na Cúpula de Joanesburgo fortalece a luta por uma ordem que acomode a pluralidade econômica, geográfica e política do século 21.”
O petista criticou ainda da OMC (Organização Mundial do Comércio), em sua visão paralisada diante do protecionismo dos países ricos.