O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou nesta terça-feira (28) à capital da Arábia Saudita, Riad, visita que dá início a uma série de viagens a nações do Oriente Médio para selar parcerias de investimentos.
“Vamos apresentar projetos de investimento no Brasil e aumentar as relações comerciais e de parceria entre nossos países nos setores de energia, agricultura e também na indústria”, afirmou o petista pelo X, antigo Twitter. Desde o final do governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), a monarquia autoritária vem sinalizando interesse em ampliar sua cartela de investimentos no Brasil.
A primeira-dama, Janja Lula da Silva, que normalmente acompanha o presidente em compromissos oficiais, foi direto para Dubai. Ainda não se sabe o motivo pelo qual ela pulou as primeiras etapas das viagens de Lula.
O presidente deve se encontrar, às 18h15 locais (12h15 no horário de Brasília), com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman. Embora exerça na prática as funções de governante, ele não é o chefe de Estado, cargo ocupado por seu pai, o rei Salman bin Abdulaziz al-Saud, 86.
MbS, como é conhecido o primeiro-ministro da Arábia Saudita, foi o líder que deu joias a Bolsonaro —o ex-presidente está sob investigação por ter mantido os presentes em seu acervo pessoal, em vez de encaminhá-los ao arquivo público.
O príncipe saudita também é acusado de ter ordenado o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, colaborador do jornal The Washington Post. Khashoggi foi morto e desmembrado em 2018 dentro do consulado saudita em Istambul, na Turquia. O premiê nega envolvimento no caso.
No governo de Bolsonaro, Riad sinalizou interesse de investir o montante de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 50 bilhões na cotação atual) no Brasil —hoje a balança de exportações e importações entre os dois países, segundo dados atualizados do Comex, soma cerca de US$ 5,6 bilhões anuais (R$ 27 bilhões). Faltava, porém, bater o martelo nas áreas de investimento.
Ao longo deste segundo semestre, de acordo com o Itamaraty, missões empresariais sauditas vieram ao Brasil para ampliar as prospecções. Em setembro, durante a cúpula do G20 em Nova Déli, Lula reuniu-se com o príncipe herdeiro e premiê Mohammed bin Salman, que demonstrou interesse em campos como petróleo, gás e fontes renováveis.
Por parte de Brasília, um dos objetivos principais da viagem é apresentar a cartela de possibilidades oferecida pelo Novo PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento retomado na gestão Lula 3.
O petista permanece na capital saudita até quarta (29) e depois vai ao vizinho Qatar, onde fica até quinta-feira (30). O petista já havia recebido convites do emir Tamim bin Hamad al-Thani para estar em Doha, um deles após a visita que fez à China em abril.
De Doha, finalizadas suas viagens bilaterais, Lula vai a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, participar da 28ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP28. Também lá o objetivo é atrair investimentos para o Brasil. Mas a viagem deve ser, ao menos em parte, dominada por debates sobre a guerra Israel-Hamas, uma vez que o emirado vem ganhando destaque no mundo árabe e no Ocidente pelo protagonismo que assumiu como mediador no conflito.
Foi ele, por exemplo, que articulou o acordo que permitiu na última semana um cessar-fogo nas hostilidades durante o qual reféns israelenses foram libertados pelo Hamas ao mesmo tempo em que prisioneiros palestinos foram soltos por Tel Aviv.
Por fim, no domingo, 3 de dezembro, o presidente Lula parte para Berlim, onde tem uma série de encontros com membros do governo do premiê Olaf Scholz. No país europeu, a ideia é acelerar o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, que a diplomacia brasileira ainda afirma ser possível selar neste ano.