O Ministério das Relações Exteriores trabalha, há semanas, com diferentes soluções para caso seja necessário dar início a uma operação de repatriação dos brasileiros que vivem no Líbano. A avaliação, no entanto, é a de que esse momento ainda não chegou, e que é importante evitar um clima de pânico.
Diálogos estão sendo travados reservadamente com governos como o da Síria e o do Líbano, além do Ministério da Defesa, sobre uma eventual evacuação.
Integrantes do Itamaraty lembram, porém, que até agora nenhum país anunciou uma operação para resgatar seus nacionais, embora, assim como o Brasil, tenham emitido alertas.
Diferentemente de Gaza, que tem suas fronteiras controladas por Israel e demandou mais de um mês de negociação para a repatriação de 32 brasileiros e palestinos, o aeroporto da capital Beirute segue aberto e operante, apesar de dificuldades impostas pela demanda crescente e por cancelamento de voos.
Para a diplomacia brasileira, o fato de brasileiros ainda conseguirem deixar o país do Oriente Médio por meios próprios é crucial e deve ser levado em consideração ao se abordar o conflito.
Um exemplo, ainda que dramático, é o caso dos irmãos de Ali Kamal Abdallah, o brasileiro de 15 anos que foi morto por ataques israelenses. Os dois puderam sair do Líbano em voo comercial logo após a tragédia.
Se o quadro mudar, o Itamaraty diz estar preparado para entrar em ação.
Por ora, a diplomacia faz um levantamento junto à comunidade brasileira para entender o tamanho da demanda por parte daqueles que desejam deixar o território sob ataque de Israel. Estima-se que cerca de 21 mil nacionais vivam no país.
Em 25 de agosto, o Ministério das Relações Exteriores emitiu um alerta consular em que desaconselhou viagens ao Líbano e recomendou aos residentes e aos que estão de passagem pelo país que se ausentem até o retorno à normalidade.
Na última semana, Israel intensificou sua ofensiva contra o Hezbollah e lançou os maiores ataques aéreos contra o Líbano desde a guerra de 2006, matando mais de 600 pessoas.
O grupo islâmico, por sua vez, disparou centenas de mísseis contra alvos no país vizinho, incluindo Tel Aviv, mas o sistema de defesa aérea israelense garantiu que os danos fossem limitados.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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