O ministro da Economia e Finanças da França, Bruno Le Maire, afirmou nesta quarta-feira (31) que o acordo comercial com o Mercosul não deve ser assinado.
Na segunda (29), o gabinete do presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que a UE (União Europeia) encerrou as negociações e não fechará o acordo comercial com o Mercosul. A decisão ocorre em meio a uma onda de protestos de fazendeiros e produtores rurais, que são contrários ao acordo.
Os agricultores iniciaram os protestos há pouco mais de uma semana e estão irritados com o aumento dos custos e com as importações baratas, seguindo movimentos semelhantes em outros países europeus, incluindo a Alemanha e a Polônia.
Em entrevista à radio francesa CNews/Europe 1, Le Maire disse ainda que lançará controle em cinco grandes varejistas para verificar se estão em conformidade com a lei Egalim, projetada para proteger os preços no campo, mas que, segundo agricultores, não é bem aplicada. Le Maire acrescentou que também lançará controles específicos sobre as uniões de compras de varejo europeias em relação à mesma lei.
O sinal de que o acordo poderia não ir adiante não é de agora. A França manifestou repetidamente reservas sobre o tratado UE-Mercosul e disse que os seus agricultores se opuseram à perspectiva que poderia permitir em produtos agrícolas, principalmente carne bovina, que não cumprem os rigorosos padrões da UE.
A Comissão Europeia rejeitou na terça-feira a opinião francesa de que Bruxelas tinha posto fim às negociações com o Mercosul, dizendo que ainda pretendia concluir um acordo de comércio livre com o bloco sul-americano.
Apesar das declarações de Macron e LeMaire, as negociações entre o Mercosul e a União Europeia por um acordo comercial foram retomadas na semana passada e devem seguir pelos próximos meses, disseram à agência Reuters pessoas que acompanham as conversas, mesmo em meio à resistência da França.
Uma reunião entre os negociadores no Palácio Itamaraty foi a primeira entre as partes desde dezembro, quando os debates foram suspensos pela decisão do então governo argentino de deixar para o novo presidente, Javier Milei, a continuação das tratativas.