Alvo de ataques que questionam sua origem e desinformam, Kamala Deli Harris, vice-presidente e candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos, se considera afro-americana e asiático-americana.
“Ela sempre teve origem indiana e apenas promovia a origem indiana. Eu não sabia que ela era negra até alguns anos atrás, quando ela, por acaso, se tornou negra”, disse seu adversário na corrida eleitoral, o republicano Donald Trump, em uma convenção de jornalistas negros no fim de julho.
Filha de pai e mãe imigrantes, Kamala nasceu em Oakland, na Califórnia, em 1964 —por isso, segundo a Constituição, ela é considerada norte-americana, como a Folha já mostrou.
Sua mãe, Shyamala Gopalan, morta em 2009, era indiana. Foi ela quem escolheu o nome do meio das filhas. O Deli —de Kamala Deli Harris— é a forma como a etnia tâmil do país asiático chama a divindade mãe. A caçula, Maya Lakshmi Harris, ficou com o nome da divindade relacionada à beleza, prosperidade e sorte, de acordo com a biografia da vice-presidente escrita pelo jornalista Dan Morain e lançada em 2021.
O pai, Donald Harris, 86 , é um professor e economista nascido na Jamaica (segundo o Censo dos Estados Unidos, residentes no país que se dizem jamaicanos são considerados negros ou afro-americanos) e se naturalizou norte-americano.
Ao contrário do que Trump disse, Kamala assumiu a origem negra desde nova. Em sua autobiografia “As Verdades que nos Movem”, de 2019, como mostrou a Folha, ela diz que se viu desde cedo como parte da população negra, inclusive tendo sido criada pelos pais dentro de movimentos negros.
“Minha mãe entendeu muito bem que ela estava criando duas filhas negras”, diz Kamala na obra. “Ela sabia que sua terra adotiva [Estados Unidos] veria Maya e eu como meninas negras e estava determinada a garantir que nos tornaríamos mulheres negras confiantes e orgulhosas.”
Ainda de acordo com a autobiografia, Kamala foi eleita presidente da Associação Nacional de Estudantes Negros de Direito na década de 1980. Enquanto estava no cargo, ela tentou corrigir problemas da falta de oportunidades dos recém-formados da sua raça. “Liguei para os sócios que gerenciavam todas as grandes firmas de advogados e pedi que enviassem representantes para uma feira de empregos que faríamos num hotel”, contou.
Em 2006, quando era promotora de Justiça de San Francisco, na Califórnia, ela discursou em um evento de lideranças negras e se colocou como porta-voz do grupo.
Como procuradora-geral da Califórnia, em 2012, declarou para o canal The Wrap sua birracialidade. “Fui a primeira mulher eleita, a primeira mulher afro-americana eleita e a asiático-americana eleita no estado como procuradora distrital”.
A questão sobre suas origens afro-americana e asiático-americana também está em sua mini-biografia como vice-presidente no site da Casa Branca.
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