A Comissão Europeia condenou, neste domingo (5), o ressurgimento de atos antissemitas que fazem com que os judeus da Europa vivam “novamente com medo”, desde o início do conflito entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas, em 7 de outubro.
“O aumento dos incidentes antissemitas na Europa atingiu nos últimos dias níveis extraordinários, reminiscentes de alguns dos tempos mais sombrios da história”, afirmou o braço executivo da União Europeia (UE) em comunicado.
“Nestes tempos difíceis, a União Europeia está firmemente ao lado das comunidades judaicas. Condenamos esses atos desprezíveis com a maior veemência possível. Eles vão contra tudo o que a Europa defende. Contra nossos valores fundamentais e nosso modo de vida”, acrescentou o informe.
“Ninguém deve viver com medo de discriminação ou violência devido à sua religião ou identidade.”
Entre os incidentes em questão estão coquetéis molotov lançados contra uma sinagoga na Alemanha, estrelas de Davi pichadas em prédios na França, a profanação de um cemitério judeu na Áustria e ataques a lojas e sinagogas na Espanha.
Desde o início da guerra, a França já registrou 857 atos antissemitas. Isso representa, em três semanas, mais ataques do que durante todo o ano de 2023 até então, informou na terça-feira (31) o ministro do Interior, Gérald Darmanin.
No sábado (4), uma mulher judia de 30 anos foi esfaqueada duas vezes na barriga, em frente à sua casa, em Lyon, na França. De acordo com ela, o atacante tinha o rosto parcialmente coberto e desferiu os golpes tão logo ela abriu a porta, depois de ele tocar a campainha.
Ela foi hospitalizada e não corre risco de morte. O Ministério Público de Lyon abriu um inquérito por tentativa de homicídio, e o prefeito de Lyon, Grégory Doucet, declarou solidariedade à vítima.
A polícia também encontrou uma suástica pichada na porta da casa da vítima, mas não se sabe a data em que o símbolo nazista foi feito.
Em entrevista à Folha, o grego Margaritis Schinas, vice-presidente da Comissão Europeia, disse que “a segurança da comunidade judaica na Europa não é apenas mais um problema, é ‘o’ problema”, e que a instituição o leva “muito a sério”.
“O Holocausto foi a página mais sombria da história da Europa, então estamos determinados agora a apoiar nossos cidadãos judeus de todas as maneiras. Eles fazem parte do nosso modo de vida europeu, e faremos tudo o que for possível para que se sintam seguros”, afirmou.
Diante deste cenário, o governo de Israel pediu a seus cidadãos na sexta (3) que reconsiderem viagens ao exterior e que exerçam cautela extra caso já estejam fora do país.
Na segunda-feira (30), Israel havia emitido um alerta de viagem para a região russa do Daguestão, depois que centenas de pessoas, a maioria homens jovens, invadiram o terminal de um aeroporto e chegaram à pista em busca de judeus que acabavam de chegar em um voo de Tel Aviv.
O medo da intolerância, que virou tema de discussão e de preocupação em sinagogas e mesquitas, não se restringe à Europa. No Brasil, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) afirmou no último dia 19 que o número de ataques antissemitas cresceram 1.200% no país. As manifestações ganharam força principalmente após a explosão em um hospital na Faixa de Gaza, cuja autoria e números de vítimas são questionados.