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Japonês de 10 anos morre após ser esfaqueado na China – 19/09/2024 – Mundo

A morte de uma criança japonesa vítima de um ataque a faca na cidade chinesa de Shenzhen, nesta quinta-feira (19), gerou temores de que as já tensas relações entre Tóquio e Pequim piorem—trata-se do segundo incidente do tipo perto de centros educacionais nipônicos no país nos últimos três meses.

A vítima era um menino de 10 anos filho de pai japonês e mãe chinesa. Segundo autoridades da China, o garoto foi atacado a caminho da escola na quarta-feira (18), por volta das 8h no horário de Pequim (21h de terça no Brasil). O agressor, identificado pelo sobrenome Zhong, tem 44 anos e foi detido.

O garoto morreu nas primeiras horas desta quinta, disse a jornalistas em Tóquio a ministra das Relações Exteriores do Japão, Yoko Kamikawa. De acordo com ela, o país pediu à China uma explicação detalhada dos fatos e medidas de segurança rigorosas.

“Eu levo o incidente extremamente a sério”, disse. “Isso nunca deveria acontecer em nenhum país. Em particular, lamento sinceramente que esse ato desprezível tenha sido cometido contra uma criança a caminho da escola.”

O primeiro-ministro japonês usou o mesmo tom para falar do caso. De acordo com a rede americana CNN, Fumio Kishida chamou o ataque de “um crime desprezível e um assunto sério e grave” e pediu à China que proteja o povo japonês no país.

“Exigimos que o lado chinês explique os fatos do caso. Como já se passou mais de um dia desde o crime, nós os instruímos a fornecer uma explicação o mais rápido possível”, disse Kishida a jornalistas. “Tal incidente nunca deve se repetir.”

A parte chinesa, porém, tentou minimizar o incidente.

“Os médicos fizeram todos os esforços para salvar sua vida, e o lado chinês fornecerá a assistência necessária à família”, disse Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em uma entrevista coletiva em Pequim. “De acordo com as informações atualmente disponíveis, este é um caso isolado e tais incidentes poderiam ocorrer em qualquer país.”

As autoridades chinesas não mencionaram o motivo do ataque, o que tem criado um ambiente de tensão, já que o nacionalismo, a xenofobia e o sentimento antijaponês estão aumentando no país, frequentemente alimentados pela mídia estatal.

Na quinta à tarde, pessoas foram vistas colocando flores nos portões da escola na área rica de Shekou, em Shenzhen, que abriga a maior parte da comunidade estrangeira da cidade.

“Como chineses, nos opomos a esse comportamento, nos opomos ao ensino do ódio”, disse um homem que se identificou como um morador comum de Shenzhen. “Muitos de nós têm sido alvo de ensinamentos de ódio por muito tempo, levando a tais consequências malignas.”

O ataque ocorreu em uma data sensível —no dia 18 de setembro de 1931, há 93 anos, o Japão invadiu a região chinesa da Manchúria, o que desencadeou uma guerra entre os dois países.

“Na verdade, eu não sabia que 18 de setembro era o dia para os chineses se vingarem das coisas da Segunda Guerra Mundial“, disse um pai japonês de dois filhos em Shenzhen, que pediu para ser identificado apenas pelo sobrenome, Suzuki, por questões de segurança. “Eu moro aqui há sete anos e não sabia que precisávamos ter cautela por sermos japoneses.”

Em um comunicado, a Câmara de Comércio Japonesa local pediu a Tóquio para garantir a segurança de seus cidadãos. Em junho, um homem atacou um ônibus usado por uma escola japonesa na cidade oriental de Suzhou, resultando na morte de um cidadão chinês que tentou proteger uma mãe japonesa e seu filho do agressor.

Fonte: Folha de São Paulo

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