O Exército de Israel ordenou que civis deixassem parte de uma zona humanitária que tinha estab no sudoeste da Faixa de Gaza neste domingo (11). A justificativa é de que o Hamas mantém uma central de comando no local.
A determinação para que dezenas de milhares de pessoas fossem para o oeste, em direção a Al-Mawasi, e o norte, para Deir Al-Balah, ocorre um dia após um ataque de Tel Aviv a uma escola na Cidade de Gaza deixar ao menos 90 mortos, segundo estimativas de autoridades palestinas, ligadas ao Hamas.
O episódio ocorrido no sábado (10) provocou indignação da comunidade internacional —incluindo dos Estados Unidos, maiores aliados externos de Israel.
Em nota, a Casa Branca disse ter ciência de que o Hamas usa prédios como escolas e hospitais como centros de operação, transformando a população civil em escudos humanos, mas destacou que tem “afirmado repetidas vezes […] que Israel deve tomar medidas para minimizar o dano a civis”.
A vice-presidente dos Estados Unidos e provável candidata do Partido Democrata nas eleições de novembro, Kamala Harris, fez um comentário semelhante ao ser questionada sobre o assunto durante passagem de sua campanha por Phoenix, no Arizona, no sábado.
“Mais uma vez, há um número demasiado grande de civis mortos. Precisamos de um acordo para a troca de reféns e um cessar-fogo”, disse ela.
A agências de notícias, famílias de deslocados afirmaram que foram forçados a sair do campo em Khan Yunis no escuro, ao mesmo tempo em que explosões ecoavam ao seu redor.
“Estamos exaustos. Esta é a décima vez que eu e minha família tivemos que deixar nosso abrigo”, disse Zaki Mohammed, 28, que mora no projeto habitacional Hamad, no oeste de Khan Yunis, onde moradores de dois prédios obedeciam a ordens de esvaziá-los.
As forças israelenses afirmam que distribuem panfletos com instruções para que os moradores deixem as áreas a serem esvaziadas.
A ordem deste domingo também foi postada na rede social X e enviado para os telefones dos moradores por meio de gravações de áudio. “Para sua própria segurança, você deve se deslocar imediatamente para a zona humanitária recém-criada. A área em que você está é considerada uma zona de combate perigosa”, dizia a mensagem.
Os habitantes de Gaza dizem sentir, no entanto, que não há lugar no território que seja verdadeiramente seguro e se queixam das repetidas ordens do Exército israelense para irem de um lugar ao outro.
A UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, estima que mais de 80% da população local tenha se deslocado internamente desde o início da guerra, em 7 de outubro passado.
“Alguns só conseguem levar seus filhos consigo, enquanto outros carregam suas vidas inteiras em uma pequena bolsa”, afirmou Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA. “Eles perderam tudo e precisam de tudo.”
Tel Aviv já atacou áreas que designou como zonas humanitárias em outras ocasiões. A operação em Khan Yunis que tirou a vida do comandante da ala militar do Hamas, Mohammed Deif, em 13 de julho, por exemplo, teria deixado pelo menos 90 pessoas nas proximidades mortas segundo cálculos das autoridades locais.
Ainda neste domingo, na Cisjordânia ocupada, um civil israelense de 20 anos foi morto a tiros, enquanto outro de 33 anos sofreu ferimentos de balas.
“Os terroristas abriram fogo de um veículo em movimento contra vários carros na área”, disseram militares de Tel Aviv. Segundo eles e os serviços de emergência do país, o homem que sobreviveu foi socorrido por um helicóptero.
Desde o início da guerra Israel-Hamas, ao menos 18 israelenses foram assassinados por palestinos na Cisjordânia ocupada. No mesmo período, 617 palestinos morreram nas mãos das forças de segurança israelenses ou de colonos do Estado judeu que vivem na região.
Tel Aviv lançou sua ofensiva sobre Gaza depois que combatentes do Hamas invadiram o sul de Israel, mais de dez meses atrás, matando 1.200 pessoas, civis em sua maioria, e sequestrando cerca de 250 reféns.
Desde então, seus ataques ao território palestino já deixaram quase 40 mil mortos segundo os cálculos das autoridades de Gaza, ligadas aos terroristas.
Com AFP, Reuters e The New York Times