O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, disse nesta quinta-feira (11) que a África do Sul “representa monstros” ao acusar Tel Aviv, em audiência na Corte Internacional de Justiça (CIJ), de agir com “intenção genocida” na Faixa de Gaza.
“Uma organização terrorista comete o pior crime contra o povo judeu desde o Holocausto e agora aparece alguém para defendê-la em nome do Holocausto”, disse ele, mencionado pelo jornal The Times of Israel.
“A hipocrisia clama aos céus. […] Onde vocês estavam, África do Sul, quando milhões de pessoas foram mortas ou deslocadas de suas casas na Síria e no Iêmen? E por quem? Pelos parceiros do Hamas.”
Netanyahu descreveu a denúncia feita por Pretória, com o apoio do Brasil, de “atrevimento”. O texto, segundo ele, mostra que o mundo está “virado de cabeça para baixo”. Ele afirmou vai continuar rebatendo o que chamou de mentiras enquanto luta contra terroristas até a “vitória total”.
Antes, às vésperas de a África do Sul apresentar a denúncia ao órgão internacional, Netanyahu reiterou que Israel “não tem intenção de ocupar permanentemente Gaza ou de deslocar a população civil”
Pretória apelou à CIJ, também conhecida como Corte de Haia, para pressionar Tel Aviv a suspender a ofensiva contra Gaza. Quase cem dias após a eclosão da guerra, mais de 23 mil pessoas, a maioria civis, foram mortas no território palestino. As ofensivas são respostas aos atentados realizados pelo Hamas em 7 de outubro que mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram reféns em Israel.
A África do Sul solicitou na audiência desta quinta a suspensão imediata das operações israelenses contra Gaza, o fim do “assassinato” e deslocamento da população palestina, além da normalização da entrada de alimentos, água e medicamentos à faixa. Também pediu que Israel tome “todas as medidas razoáveis ao seu alcance” para prevenir um genocídio no território.
A denúncia do país africano foi apresentada ao tribunal no último dia 29. O documento acusa o Estado judeu de descumprir a Convenção Internacional contra o Genocídio, segundo o qual o termo pode ser definido a partir de cinco diferentes práticas: matar membros de um determinado grupo nacional, étnico, racial ou religioso; causar danos físicos ou mentais graves a eles; infligir a essas pessoas condições de vida que destruam sua capacidade de sobrevivência; impedir sua proliferação; transferir crianças desse grupo para outro local de forma forçada.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quarta apoio à denúncia da África do Sul. O posicionamento foi divulgado horas depois de o presidente ter se reunido com o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzeben.