Quatro pessoas que recebiam tratamento no hospital Nasser, o maior que estava em funcionamento na Faixa de Gaza e que foi invadido por soldados de Israel na quinta-feira (15), morreram após cortes na energia elétrica que interromperam a distribuição de oxigênio em salas de terapia intensiva, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
Segundo o ministério, outras seis pessoas na unidade médica correm risco de morte. A pasta diz que as forças israelenses ocupam o hospital e são responsáveis pelas vidas dos pacientes e das equipes médicas. “Os geradores do complexo pararam, e a energia elétrica foi cortada”, diz em comunicado.
Segundo autoridades de Tel Aviv, a invasão do hospital ocorreu após o setor de inteligência obter “informações confiáveis” de que corpos de reféns israelenses estariam no local, o que o Hamas nega. Autoridades israelenses descreveram a ação como uma “operação precisa e limitada”.
Vídeos divulgados nas redes sociais, contudo, mostraram caos nos corredores escuros e tomados pela fumaça do hospital. Nas gravações é possível ouvir gritos e o som de tiros. Além dos pacientes, milhares de palestinos forçados a se deslocarem na guerra em curso há quatro meses estavam abrigados no local.
Centenas de pessoas, incluindo pacientes, profissionais da saúde e civis, permaneciam no complexo hospitalar após a invasão, segundo o Ministério da Saúde. Organizações que atuam com direitos humanos manifestaram preocupação com a segurança de inocentes.
O Exército de Israel, por sua vez, disse nesta sexta-feira (16) que suas tropas prenderam mais de “20 terroristas” suspeitos de participação nos atentados de 7 de outubro, quando integrantes do Hamas assassinaram cerca de 1.200 pessoas em território israelense.
“As tropas localizaram armas no interior do hospital e prenderam dezenas de suspeitos de terrorismo, incluindo mais de 20 terroristas que participaram no massacre de 7 de outubro”, informou o Exército em um comunicado, no qual acusa o grupo islamista palestino Hamas de utilizar o centro de saúde como posição para atacar suas forças.
Como bombardeios maciços destruíram áreas residenciais e forçaram palestinos a deixar suas casas, os hospitais —em tese locais mais seguros na guerra— passaram a receber milhares de desabrigados no conflito.
Instalações, veículos e pessoal médico são protegidos por lei nas situações de conflito armado. Essa proteção está contida na primeira Convenção de Genebra —pioneira norma jurídica de valor universal adotada para regular as guerras no mundo.