O Exército de Israel afirmou nesta sexta-feira (5) ter destituído um major e um coronel após o ataque a um comboio humanitário da WCK (World Central Kitchen), ONG do chef espanhol José Andrés, matar sete trabalhadores. As demissões ocorreram no âmbito de uma investigação das Forças Armadas sobre o incidente da última segunda-feira (1º).
Israel diz ter encontrado sérios erros e violações de procedimento. A investigação descobriu, segundo o Exército, que as forças israelenses acreditaram erroneamente estar atacando combatentes do Hamas quando os bombardeios com drones atingiram os três veículos do grupo humanitário.
“O ataque aos veículos humanitários é um erro grave decorrente de (…) uma identificação equivocada, de erros na tomada de decisão e de um ataque contrário aos procedimentos operacionais padrão”, disse o Exército em um comunicado.
A WCK, no entanto, exigiu a criação de uma comissão independente para investigar as mortes. “O Exército de Israel não pode investigar de forma credível o seu próprio fracasso em Gaza”, disse a organização em um comunicado.
Além de demitir um chefe do Estado-Maior com a patente de coronel e um oficial da brigada com a patente de major, o Exército diz ter repreendido formalmente oficiais superiores, incluindo o general à frente do comando.
A morte dos trabalhadores humanitários, que incluíam cidadãos da Reino Unido, da Austrália e da Polônia, além de uma pessoa com cidadania dupla dos Estados Unidos e do Canadá e um palestino, provocou indignação no mundo inteiro.
O comboio foi atingido quando saía de um armazém em Deir al-Balah, onde descarregou mais de 100 toneladas de alimentos que entraram no território palestino pelo mar. Um vídeo mostra os danos que um projétil israelense deixou em um dos carros, logo ao lado do símbolo da ONG estampado na lataria.
Segundo a organização, o bombardeio aconteceu em uma área onde não aconteciam combates e a despeito da coordenação do deslocamento entre a equipe e o Exército de Israel.
“Este não é apenas um ataque contra a WCK; é um ataque às organizações humanitárias que atuam nos locais mais terríveis em que os alimentos são usados como arma de guerra”, disse Erin Gore, chefe-executiva da entidade, na ocasião. “Isso é imperdoável.”
Nesta sexta, a Polônia disse que o embaixador de Israel pediu desculpas pelo ataque. Damian Sobol, um voluntário do sudeste do país do Leste Europeu, é um dos mortos. “Entreguei uma nota de protesto ao embaixador. Ele pediu desculpas pelo incidente, que não tem precedentes na história do mundo civilizado”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Polônia, Andrzej Szejna, em entrevista coletiva.
Szejna afirmou ainda que medidas disciplinares não seriam suficientes.
“Deveria haver uma investigação à luz do direito penal com a supervisão dos países das vítimas sobre esse evento, que tem características de homicídio”, disse ele, acrescentando que também deveria ser oferecida uma indemnização à família de Sobol.