Israel bombardeou uma escola da ONU na Faixa de Gaza nesta quarta-feira (5), dizendo que o prédio abrigava um posto de comando do Hamas. O diretor do escritório de mídia do governo de Gaza, administrado pelo Hamas, Ismail Al-Thawabta, e um funcionário do Ministério da Saúde disseram à Reuters que 40 pessoas foram mortas, e 73 ficaram feridas no ataque. Entre os mortos, segundo eles, havia 14 crianças e 9 mulheres.
Al-Thawabta negou a afirmação de Tel Aviv de que o prédio em Nuseirat, na região central de Gaza, era utilizado pelo grupo terrorista. “[Israel] mente e inventa histórias para justificar o crime brutal que cometeu contra dezenas de pessoas deslocadas.”
As Forças Armadas de Israel disseram que, antes de aviões bombardearam o local, medidas foram tomadas para reduzir o dano a civis —mas não especificou que ações foram essas. O Exército disse que a operação matou terroristas envolvidos com o ataque de 7 de outubro, que serviu de estopim para o conflito.
O bombardeio ocorre no momento em que a pressão internacional aumenta para Tel Aviv e Hamas chegarem a um acordo de cessar-fogo, depois de novo plano apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O governo do premiê Binyamin Netanyahu tem reiterado que não vai interromper as ações militares em Gaza durante as negociações.
O líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, disse na quarta que uma das exigências do grupo terrorista no acordo era o fim da guerra. Embora isso estivesse previsto no plano de Biden, apresentado no último dia 31, Israel insiste que só encerrará suas operações com a destruição completa do Hamas, o que mantém o impasse.
No discurso em que apresentou o acordo, Biden disse que as negociações levariam a um “dia seguinte” para a Faixa de Gaza sem o Hamas no poder, mas não está claro como isso seria possível. Depois de meses de bombardeios e mais de 36 mil palestinos mortos em Gaza, a facção terrorista não dá sinais de que perdeu a coesão e a capacidade de agir como grupo.
A proposta prevê três fases: na primeira, haveria um cessar-fogo completo por seis semanas, Israel retiraria todas as tropas das áreas habitadas da Faixa de Gaza, e reféns sequestrados pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro seriam libertados em troca da soltura de centenas de prisioneiros palestinos.
Na segunda etapa, o Hamas e Israel negociariam um fim permanente para a guerra, e o cessar-fogo continuaria em vigor durante essas negociações —ponto já rejeitado por Tel Aviv. A terceira fase consistiria de um plano de reconstrução do território palestino.
Assim, a resposta de Haniyeh, juntamente com as ameaças de parceiros da coalizão de Binyamin Netanyahu de abandonarem o governo caso o acordo seja aceito, torna improvável um avanço.