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Irã alertou Rússia sobre ameaça de atentado a Moscou – 01/04/2024 – Mundo

O Irã alertou a Rússia sobre a possibilidade de uma “operação terrorista” em seu território antes do massacre na sala de concertos perto de Moscou que deixou mais de 140 mortos no mês passado. A informação foi divulgada pela Reuters nesta segunda-feira (1), de acordo com fontes ligadas à inteligência iraniana.

Tratou-se do ataque mais mortal na Rússia em 20 anos. Durante o atentado, reivindicado por radicais islâmicos, homens armados abriram fogo no Crocus City Hall, uma casa de shows ao lado de um shopping que fica 20 km a noroeste do Kremlin, o coração da capital russa. Segundo cifras oficiais, a ação deixou 143 mortos e 182 feridos —mas ainda há quase cem desaparecidos.

Os Estados Unidos também avisaram a Rússia antecipadamente sobre um provável ataque islâmico. Ainda segundo a Reuters, Moscou teria minimizado essa informação por se mostrar desconfiado das intenções de Washington.

Como Rússia e Irã são aliados diplomáticos, é mais difícil para Moscou rejeitar informações de Teerã sobre o ataque. Sob sanções ocidentais, os dois países aprofundaram a cooperação militar durante a guerra de dois anos na Ucrânia.

“Dias antes do ataque, Teerã compartilhou informações com Moscou sobre um possível grande ataque terrorista dentro da Rússia, que foi obtido durante interrogatórios de pessoas presas em conexão com atentados mortais no Irã”, disse uma das fontes à Reuters.

Em janeiro, o Irã prendeu 35 pessoas do Estado Islâmico (EI) baseado no Afeganistão, incluindo um comandante do braço Khorasan, uma espécie de filial afegã e paquistanesa do EI. O grupo assumiu a responsabilidade pelos atentados de 3 de janeiro na cidade de Kerman, que mataram quase 100 pessoas. Fontes de inteligência dos EUA disseram que o Khorasan também participou dos tiroteios em Moscou.

Uma segunda fonte, que também pediu anonimato, disse que a informação que Teerã forneceu a Moscou sobre um ataque iminente carecia de detalhes específicos sobre o momento e o alvo exato.

“Os membros do Khorasan foram instruídos a se prepararem para uma operação significativa na Rússia. Um dos terroristas preso no Irã disse que alguns integrantes do grupo já haviam viajado para a Rússia”, disse a fonte.

Questionado sobre a reportagem da Reuters, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou qualquer informação. O Ministério das Relações Exteriores do Irã e a Casa Branca não se pronunciaram sobre o assunto.

Na semana passada, o Comitê de Investigação da Rússia afirmou ter provas de que a Ucrânia tem ligações com o ataque terrorista. De acordo com a comissão, os responsáveis pelo atentado receberam dinheiro de “nacionalistas ucranianos”.

A Rússia prendeu 11 pessoas pelo atentado, inclusive os quatro suspeitos de serem os atiradores que dispararam contra 6.200 pessoas na plateia que esperava um show de rock.

Segundo a agência de notícias Tass, combatentes estrangeiros detidos no domingo na região do Daguestão, no sul da Rússia, também estavam envolvidos no ataque. O FSB também disse que um dos quatro homens detidos confessou ter levado pessoalmente armas aos agressores de Moscou, segundo a agência de notícias Interfax.

Moscou não via um ataque do tipo há pelo menos 13 anos. Houve tiros e pelo menos duas explosões em torno do Crocus City Hall, uma sala de concerto ao lado de um shopping que fica 20 km a noroeste do Kremlin. A banda de rock da era soviética Piknik começaria um show no lugar, que tem 6.200 lugares e estava com os ingressos todos vendidos.

Segundo o FSB, um número incerto de atiradores matou os seguranças do local, entrou e começou atirar contra a plateia, que incluía crianças. Depois, explodiram duas bombas, deixando o local em chamas.

O mais recente grande atentado em Moscou ocorreu em 2011, quando 37 pessoas morreram numa explosão no aeroporto internacional de Domodedovo. Naquela ocasião, um militante islâmico foi culpado pela ação. Depois disso, a mais chamativa ação havia ocorrido em São Petersburgo em 2017.

Fonte: Folha de São Paulo

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