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Infográfico: Conheça os mísseis e o poderio dos houthis – 18/01/2024 – Mundo

Catapultados do status de guerrilha tribal de um país desértico para ameaça central ao comércio marítimo mundial, os rebeldes houthis do Iêmen devem sua ascensão à decisiva colaboração do Irã às suas capacidades militares.

Enquanto o mundo segurava a respiração achando que a guerra Israel-Hamas desandaria pela região por meio da sempre arestosa rixa entre Tel Aviv e o Hezbollah libanês, o mais poderoso grupo anti-israelense apoiado por Teerã no Oriente Médio, foram os houthis que geraram até aqui os efeitos colaterais mais intensos da guerra.

O motivo é seu sofisticado arsenal de mísseis de cruzeiro e balísticos antinavios, que têm provocado terror entre tripulações no mar Vermelho e derrubaram o trânsito de navios mercantes na região, responsável por cerca de 15% deste modal de comércio no mundo.

Os houthis expulsaram o governo reconhecido do país de sua capital, Sanaã, na guerra civil iniciada em 2014. O ímpeto da vitória militar parcial, que transformou o país num campo de batalha por procuração entre o Irã e a aliança de sauditas e emiratis, incentivou Teerã a dobrar a aposta nos aliados.

O movimento Ansarullah, nome oficial do governo houthi, é aderente do ramo minoritário do Islã, o xiismo, que tem seu centro mundial no Irã. Cerca de 40% dos moradores do Iêmen são xiitas.

Ele comanda cerca de 20 mil soldados, uma força modesta. Mas seu potencial ofensivo com mísseis antinavio disparados da costa que domina, talvez com 500 km de extensão, supera o de países como o Brasil —dono de que um litoral de 7.500 km e que opera apenas o modelo francês Exocet, lutando há anos para desenvolver seu próprio armamento.

Quando tomaram os quartéis do Exército na capital, os houthis encontram um antigo arsenal de origem soviética. Havia tanques mais antigos T-72 e T-55, e uma variedade de mísseis —incluindo modelos de cruzeiro antinavio P-21 e P-22, além de alguns chineses C-801.

A partir de 2015, contudo, começaram a emergir imagens de paradas militares em que desfilavam modelos bem mais modernos, de origem iraniana. Eram mísseis de cruzeiro como o Ghadir, renomeado como Al-Mandab 2, que tem 300 km de alcance.

Em 2016, a capacidade foi colocada à prova quando um catamarã de transporte de tropas dos Emirados foi atingido, e o destróier americano USS Mason, atacado sem ser alvejado. Naquele momento, os EUA revidaram com um ataque com mísseis de cruzeiro Tomahawk, um aperitivo das quatro ações até aqui contra os rebeldes na guerra atual.

Em 2019, o destróier americano USS Forest Sherman interceptou um barco com mísseis iranianos rumo ao Iêmen, dando provas materiais do apoio que foram vistas novamente em ação semelhante no dia 11 passado.

Mais recentemente, já sob a trégua vigente na guerra civil desde 2022, os houthis mostraram em paradas militares versões ainda mais avançadas de armas iranianas, o Sayyad e o Quds Z-0, com alcance de até 800 km. Esses são modelos de cruzeiro, que usam radar e infravermelho para guiar seu caminho até os alvos, junto ao mar.

Além deles, os iranianos forneceram mísseis antinavio balísticos, que fazem uma parábola até chegar ao seu destino, com graus diferentes de sofisticação na guiagem —que pode usar instrumentos eletro-ópticos, infravermelho ou uma combinação de ambos para correções de rota.

As estrelas dessa seção do arsenal são o Tankil e o Asef, ambos podendo levar ogivas com 300 kg. São os mais pesados mísseis em operação no Iêmen, e representam um salto tecnológico.

“A tecnologia de mísseis balísticos antinavio é complexa, e mesmo os iranianos admitiram os desafios de seu desenvolvimento”, diz o analista militar Fabian Hinz, do IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, na sigla inglesa), de Londres.

Ele aponta dificuldades para os houthis. Geralmente, militares de países com esse tipo de míssil usam guiagem por satélite ou aviões de patrulha marítima de longo alcance. Isso os rebeldes não têm, embora haja indicações de que eles têm usado drones de vigilância para tentar cumprir esse papel.

Com efeito, os ataques mais bem-sucedidos, embora não tenham ainda afundado nenhum navio, ocorreram mais próximos da costa iemenita. É incerto, segundo Hinz, se o Irã forneceu ou tem planos de fornecer radares costeiros que poderiam auxiliar na missão, o que configuraria uma escalada óbvia.

Há outras capacidades, como drones suicidas iranianos e uma série de mísseis antiaéreos de curto alcance, como os que derrubaram um drone americano Reaper neste ano perto do Iêmen.

Fonte: Folha de São Paulo

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