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Indicados de Trump na segurança preocupam aliados dos EUA – 27/11/2024 – Lúcia Guimarães

Se os comediantes estão se fartando com o material para piadas entre os nomeados para o gabinete de Trump, os responsáveis por serviços de inteligência de países aliados já começam a perder o sono.

Quem é tratada carinhosamente por “nossa namorada” na TV estatal russa? Tulsi Gabbard, indicada por Donald Trump para comandar a diretoria de Inteligência Nacional, uma poderosa burocracia supervisora de 18 agências que incluem a CIA, o FBI e a Agência de Segurança Nacional.

Quem é o âncora de TV obscuro considerado um risco e impedido de, como membro da Guarda Nacional, integrar o contingente de segurança na posse de Joe Biden, em 2021 e que, no ano seguinte, comprou o silêncio de uma mulher que registrou queixa de estupro contra ele? Pete Hegseth, que Trump quer colocar no comando do Pentágono e de 2 milhões de militares e civis empregados pelo Departamento de Defesa.

Quem é o ex-fugitivo da justiça criminal da Hungria e militante anti-islâmico ligado a extremistas de ultradireita, descrito como um vigarista por membros do primeiro governo Trump? Sebastian Gorka, escolhido por Trump para voltar à Casa Branca não só como seu assessor especial, mas como chefe de combate ao terrorismo.

O presidente eleito já deixou evidente que seus nomeados para o gabinete foram escolhidos por serem leais e telegênicos e que incompetência para o cargo parece ser vantagem no processo de seleção. Se o Senado aprovar nomes como Gabbard, Hegseth e Gorka, a relação dos Estados Unidos com seus aliados vai mudar.

O país integra o grupo conhecido como Cinco Olhos com Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia. Compartilham segredos de inteligência sensíveis, restritos apenas aos cinco, que incluem comunicações interceptadas. É difícil imaginar que, por exemplo, o serviço de espionagem britânico passe ao segundo governo Trump descobertas sobre a Guerra da Ucrânia com Gabbard no controle de Inteligência Nacional. A ex-deputada democrata, transformada em ardorosa trumpista, é uma renegada ventríloqua do Kremlin, conhecida por desprezar alianças como a Otan e sente uma atração irresistível por inimigos declarados dos EUA, como o ditador da Síria, Bashar al-Assad.

Um ex-alto membro dos serviços de inteligência americano afirmou, na semana passada, que seus antigos interlocutores vão ficar com o pé atrás lidando com Gabbard. A lealdade, em atividades de inteligência, pode ser letal, como se viu na invasão do Iraque sob George W. Bush. O então diretor da CIA, o corrupto George Tenet, distorcia os relatórios diários para o presidente, encobrindo o fiasco da ocupação, que já tinha causado a morte de mais de 100 mil civis em 2006.

Trump é tão alérgico a más notícias, que sua assessora e xodó Natalie Harp foi apelidada de “impressora humana” por segui-lo por toda parte com uma impressora portátil, imprimindo artigos favoráveis ao republicano, que prefere ler em papel.

Há também o problema de Trump ver no aparato de segurança americano e no comando das Forças Armadas seus inimigos pessoais. Isto é ótima notícia para os inimigos reais do país, como Coreia do Norte, Irã e Rússia, que têm em comum, não só o fato de serem ditaduras assassinas, como o gosto por desestabilizar a ordem internacional.

Os eleitores americanos depositaram seu voto para tornar o resto do mundo mais perigoso em 2025.


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Fonte: Folha de São Paulo

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