A polícia indiana prendeu nesta terça-feira (5) mais cinco homens suspeitos de terem participado do estupro da turista brasileira Fernanda Santos, ocorrido na última sexta-feira (1º), no leste da Índia.
Imagens divulgadas mostram cinco suspeitos algemados e acorrentados em fila, na frente de vários policiais. Na segunda-feira, outros três homens foram detidos. De acordo com a polícia, todos os suspeitos pelo crime foram presos.
“Os três primeiros detidos deram novo depoimento revelando mais detalhes. As confissões e informações prestadas confirmam o envolvimento de oito pessoas“, disse Pitamber Singh Kherwar, superintendente da polícia local. Ele afirmou que, se forem condenados, os suspeitos enfrentarão “punição rigorosa”. “Estamos construindo um caso sólido contra eles”, afirmou.
O ataque a Fernanda, que viajava de moto com o marido, o espanhol Vicente Barbera, ocorreu no distrito de Dumka, no estado de Jharkhand, onde o casal acampava.
Inicialmente, o casal gravou vídeos descrevendo o ataque e os publicou nas redes sociais. Mas as imagens foram depois apagadas por recomendação dos policiais, segundo as vítimas relataram em outra postagem temporária.
Eles contaram, segundo o jornal espanhol El País, terem sido atacados após montarem uma barraca para se abrigar. Barbera também disse que os criminosos colocaram uma faca em seu pescoço para ameaçá-lo. Nos vídeos divulgados, ambos apresentam feridas no rosto. “O que aconteceu conosco, nós não desejamos a ninguém”, disse Santos.
As autoridades do estado de Jharkand indenizaram o casal em 1 milhão de rupias (cerca de R$ 60 mil), como parte de um “plano de indenização às vítimas”. A legislação indiana prevê que vítimas de violência sexual sejam indenizadas por governos locais em no mínimo 300 mil rupias, ou cerca de R$ 17 mil.
“Pegaram todos os criminosos, eram oito no total”, escreveu o casal em publicação temporária em seu perfil no Instagram após o anúncio das novas detenções. “Peço justiça a todas as mulheres que também passam por isso”, escreveram na rede social nesta terça.
A Índia é considerada um dos países mais violentos para mulheres do mundo. Pesquisa conduzida em 2018 pela Fundação Thomson Reuters com 550 especialistas globais em questões de gênero apontou a nação asiática como a mais perigosa para violência sexual e trabalho sexual forçado, à frente de Afeganistão e Síria, que vinham, respectivamente, em segundo e em terceiro lugar.
Em 2022, uma média de 90 estupros foram relatados diariamente na Índia, de acordo com o escritório nacional de registros criminais, número que não ainda não reflete o total de casos já que muitos não são denunciados por medo, estigmatização de vítimas e falta de confiança no trabalho da polícia. As condenações raramente ocorrem e muitos casos acabam estagnados no saturado sistema judicial indiano.