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Guerra Israel-Hamas: Saiba os detalhes do acordo de reféns – 23/11/2023 – Mundo

Israel e Hamas dão início nesta sexta-feira (24) a uma trégua de quatro dias, decorrente do primeiro grande acordo entre as partes desde que elas iniciaram os combates na Faixa de Gaza, em outubro.

A “pausa humanitária”, como alguns vêm se referindo ao cessar-fogo, tem como objetivo permitir a soltura de 50 dos cerca de 240 reféns mantidos pelo Hamas no território. Em troca, Tel Aviv se comprometeu a soltar 150 mulheres e menores de idade palestinos detidos em seus presídios.

O que diz o acordo?

As duas partes concordaram com uma trégua de quatro dias para que o Hamas liberte 50 mulheres e menores de 19 anos que sequestrou durante a sua sangrenta incursão ao território israelense de 7 de outubro.

Em contrapartida, Israel soltará 150 mulheres e menores de 18 anos palestinos detidos em suas prisões.

A expectativa é de que os 50 reféns —de um total de cerca de 240—, sejam libertados em grupos de 12 a 13 pessoas por dia ao longo do período de cessar-fogo.

Segundo Tel Aviv, a trégua pode ser estendida caso o Hamas solte mais reféns. O grupo terrorista ganharia um novo dia de cessar-fogo para cada grupo adicional de 10 reféns libertados.

Além disso, o grupo terrorista disse que os israelenses se comprometeram a suspender o tráfego aéreo sobre o norte de Gaza das 10h às 16h no horário local (5h às 11h em Brasília), e interromper completamente os voos sobre o sul durante o cessar-fogo. Também concordaram em não atacar ou prender ninguém em Gaza.

O próprio Hamas, por sua vez, afirmou que permitirá que a população circule novamente pela rua Salah Al-Din, principal caminho usado pelos palestinos para ir do norte para o sul de Gaza após o ultimato israelense exigindo a retirada de civis da região.

Quando ele entra em vigor?

Na sexta-feira (24), às 7h (2h em Brasília). Já a libertação do primeiro grupo de reféns, formado por 13 pessoas, ocorre às 16h (11h em Brasília)

As informações são de um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Qatar, que disse ainda esperar negociar um novo acordo de modo a libertar mais reféns.

Como ele se dará na prática?

Não se sabe exatamente como acontecerá o resgate de reféns, embora a Cruz Vermelha tenha confirmado que entrará em Gaza para facilitar a libertação, além de prestar atendimento médico às pessoas sequestradas que seguirão em cativeiro.

Os reféns devem então ser levados para o Egito por meio da passagem de Rafah.

A mesma passagem servirá de via de entrada para 200 caminhões de ajuda humanitária e 4 de combustível por dia em Gaza, segundo a ala militar do Hamas.

A medida busca aliviar a crise vivida pela população local, que está quase sem comida e carece de atendimento médico devido à falta de combustível, necessária para o funcionamento dos hospitais.

Toda a operação será monitorada de Doha, capital do Qatar, já que o país tem linhas diretas de comunicação com Israel, com lideranças políticas do Hamas e com a Cruz Vermelha.

Quem são os reféns libertados?

Comunicado do gabinete do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, desta quinta-feira (23) afirma que seu governo recebeu a lista dos primeiros reféns a serem soltos, mas não divulgou seu nomes.

Um oficial americano afirmou que há três cidadãos dos Estados Unidos na relação, incluindo uma menina cujo aniversário de quatro anos é na sexta.

Eles são um exemplo da grande quantidade de estrangeiros ou portadores de dupla nacionalidade que integram o grupo de reféns. Das cerca de 240 pessoas sequestradas pelo Hamas, quase metade se enquadra na categoria.

Em meio ao grupo de nacionais de 40 países diferentes, há cidadãos da Alemanha, Argentina, Chile, Espanha, França, Portugal, Reino Unido e Tailândia.

Além do Hamas, outras facções palestinas também detêm reféns.

Quem são os palestinos soltos e por que eles foram presos?

Israel forneceu ao Hamas uma lista de cerca de 300 mulheres e menores de idade palestinos que poderiam ser libertados —o dobro do que havia concordado em libertar inicialmente.

A maioria deles é oriunda da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental e foi detida por arremessar pedras contra soldados israelenses; tentar esfaquear israelenses; fabricar explosivos; causar danos a propriedades; e manter contatos com organizações hostis.

Nenhum dos prisioneiros passível de soltura é suspeito de assassinato. Muitos deles foram presos sob um regime de detenção administrativa, ou seja, sem julgamento prévio.

É possível que os palestinos libertados sejam levados de ônibus para a sede da Autoridade Nacional Palestina —criado para ser um órgão de transição para um inexistente Estado da Palestina—, em Ramallah, na Cisjordânia, como ocorreu em acordos anteriores similares, mesmo que o presidente da entidade, Mahmoud Abbas, não tenha participado das negociações do acordo.

De acordo com a Sociedade de Prisioneiros Palestinos, até esta quarta-feira (22), havia 7.200 palestinos em cadeias israelenses. Desses, 88 são mulheres e 250, menores de 18 anos.

Quem negociou o acordo?

O Qatar atuou como principal mediador das negociações, uma vez que tem ligações com ambos o Hamas e Israel: ele não só abriga diversas lideranças políticas do grupo palestino como mantém uma linha de comunicação direta com Tel Aviv, embora os dois não tenham relações diplomáticas.

Os EUA também desempenharam um papel crucial nas conversas. O presidente americano, Joe Biden, falou diariamente ao telefone com o emir qatari, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani, e com o premiê de Israel, Netanyahu, nas semanas que antecederam o acordo.

Por fim, o Egito, primeiro Estado árabe a normalizar relações com Israel e tradicional mediador do conflito israelo-palestino, também se envolveu nos entendimentos.

Por que ele demorou tanto para sair?

As negociações tiveram início pouco depois do ataque de 7 de outubro, mas seu resultado só foi anunciado 46 dias depois. Segundo os EUA, a lentidão delas se deve em parte ao fato de que toda a comunicação entre os lados beligerantes tinha de passar pelo Qatar ou pelo Egito, uma vez que Israel e Hamas não falam um com o outro diretamente.

Vale notar que o acordo implica apenas um cessar-fogo temporário. O Hamas declarou que seus “dedos permanecerão no gatilho” durante a trégua. Israel, por sua vez, garantiu que o conflito só terminará depois que todos os reféns sejam libertados e o grupo terrorista palestino, exterminado.

Em 2014, ano da última grande invasão terrestre de Gaza por Tel Aviv, foram necessários 49 dias para a implementação de um cessar-fogo. Ao mesmo tempo, aquela trégua pôs fim a enfrentamentos de grande escala entre as duas partes por vários anos.

Fonte: Folha de São Paulo

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