A delegação do Hamas que participa de negociações por uma trégua com Israel na Faixa de Gaza deixou o Cairo nesta quinta-feira (7), mas diz em comunicado que continuará com os diálogos pelo cessar-fogo no território palestino até que um acordo seja alcançado.
Sami Abu Zuhri, alta autoridade do grupo terrorista, culpa Israel por “bloquear” as conversas e impedir o progresso das negociações que envolvem também a libertação de reféns sequestrados pelo Hamas e mantidos em Gaza.
“A delegação do Hamas deixou o Cairo nesta manhã para consulta com a liderança do movimento. As negociações e esforços continuam para parar a agressão, devolver os deslocados internos e trazer ajuda humanitária para nosso povo”, disse o Hamas em comunicado.
Abu Zuhri afirmou à Reuters que Israel tem rejeitado durante os quatro dias de negociações no Cairo as demandas do Hamas para encerrar sua ofensiva no território palestino, retirar suas forças armadas de lá e garantir a liberdade de entrada para ajuda humanitária e retorno de pessoas deslocadas.
Israel não comentou as negociações ou declarações do Hamas.
Negociadores do Hamas, do Qatar e do Egito —os dois últimos têm mediado o diálogo entre as partes envolvidas— tentaram nesta semana garantir um cessar-fogo de 40 dias a tempo do Ramadã, que começa no início da próxima semana. Israel não enviou delegação ao Cairo.
O acordo apresentado ao Hamas para Gaza pedia a libertação de alguns dos reféns que ainda mantém após o ataque de 7 de outubro, em troca da soltura de prisioneiros palestinos detidos em Israel.
O Hamas se comprometeu a continuar as negociações no Cairo, mas a facção palestina insiste em suas demandas mais amplas por cessar-fogo, retorno de deslocados a suas casas e retirada das tropas de Tel Aviv de Gaza.
Israel estaria se mantendo afastado das conversas no Cairo porque o Hamas se recusou a fornecer uma lista de reféns que ainda estão vivos, segundo fontes afirmaram à Reuters. O grupo terrorista diz que isso é impossível sem um cessar-fogo, já que os reféns estão espalhados pela zona de guerra.
Apesar de comentários de que as negociações chegaram a um impasse, os EUA disseram nesta quarta-feira (6) que um acordo para uma trégua ainda é possível.
“Ainda acreditamos que os obstáculos não são intransponíveis e um acordo pode ser alcançado, então vamos continuar pressionando”, disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, em Washington.
O Ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas, disse que o número de pessoas mortas na ofensiva de Israel chegou a 30.800. Foram relatadas 83 mortes nas últimas 24 horas e testemunhas dizem que os bombardeios israelenses continuam em Khan Yunis, em Rafah, e em áreas no centro de Gaza.