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Gabriel Milito no Atlético-MG: como jogam as equipes do treinador?

A principal ambição de Gabriel Milito, o novo técnico do Atlético-MG, é formar equipes “corajosas”. Ou seja, tentar ser protagonista contra qualquer adversário e sob qualquer circunstância. Toda a sua ideia de jogo é baseada nessa busca. Seu principal objetivo é formar equipes com iniciativa ofensiva, que ataquem com sabedoria e que, à parte do…

Asociación Atlética Argentinos Juniors

A principal ambição de Gabriel Milito, o novo técnico do Atlético-MG, é formar equipes “corajosas”. Ou seja, tentar ser protagonista contra qualquer adversário e sob qualquer circunstância. Toda a sua ideia de jogo é baseada nessa busca. Seu principal objetivo é formar equipes com iniciativa ofensiva, que ataquem com sabedoria e que, à parte do sistema tático escolhido, não abram mão desse propósito.

Depois de passagens apagadas pelo Estudiantes (duas vezes), pelo O’Higgins no Chile e pelo Independiente, Milito fez seu melhor trabalho no Argentinos Juniors entre 2021 e 2023. Lá, ele atingiu sua meta e deu à equipe uma identidade clara, ao convencer os atletas de que jogar com consistência no ataque e propor o jogo eram sempre mais importantes do que qualquer sistema tático. Na equipe mineira, a meta é tentar repetir esses bons resultados.

Milito gosta de equipes intensas para recuperar a bola e dinâmicas para dar com a posse de bola. Ele quer que todos os jogadores saibam que o objetivo final é sempre o gol do adversário. Ao contrário do que experimentou no último clube, ele terá mais talento individual e melhores armas para atingir esse objetivo no Atlético-MG. Está claro que Milito tem um método e uma ideia diferentes dos de seu antecessor, Luiz Felipe Scolari, e os jogadores terão de se adaptar à nova gestão, muito mais moderna e versátil.

Milito vai pedir intensidade: “Você precisa estar sempre perto do adversário, da bola e do seu companheiro de equipe. Esses são os três conceitos básicos para uma boa pressão quando se tenta recuperar a posse”. Ele gosta de ter a bola, mas não tanto no estilo do Pep Guardiola, técnico do Manchester City, um de seus mestres. Ele quer mais verticalidade.

“Se você vai ter a bola, mas sem ideias, é melhor que o adversário a tenha. Se não tivermos critérios, perderemos todos os jogos por 5 a 0. A posse de bola deve ter um significado, porque para mim futebol é tempo e espaço. Aprendi dessa forma e me convenceram de que é assim. Quanto mais tempo eu tenho, melhor decido, e então, depois disso, você tem de encontrar o espaço. Dependendo de muitas coisas, você precisa dar sentido à posse de bola”.

Defensivamente, ele nunca recua para o seu próprio campo, mas sempre tenta fechar os espaços para os atacantes. “Não gosto de tentar forçar impedimentos, mas gosto de jogar para reduzir os espaços. Quero que o adversário, na maior parte do tempo, não tenha a bola no meio-campo. Sempre quero ter o controle da bola, mas quando a perdemos, temos de ser o mais compactos possível. Reduzir os espaços”.

Qual é o seu sistema tático preferido?

Ele já jogou com linhas de quatro e de três. Com pontas, cinco meio-campistas, dois atacantes ou apenas um. No início de sua carreira, quando assumiu o comando do Independiente, disse: “Não se trata tanto de um esquema tático, mas da ideia de jogo que temos. O sistema pode variar. Não nos classificamos em uma categoria”. E ele manteve essa visão durante toda a sua carreira, especialmente no Argentinos Juniors.

Embora tenha jogado várias partidas importantes com o 3-5-2, o 4-3-3 é um de seus sistemas favoritos e talvez seja o primeiro a ser usado no Atlético-MG. Foi o primeiro que ele usou no antigo clube, com um dos pontas mais fechado e um lateral mais avançado que o outro. A clareza conceitual é outro de seus mandamentos, e é por isso que ele não mudará muito no início: “Tudo é válido no futebol, mas o que não se pode fazer é confundir o jogador. O mais importante é convencê-los”.

Uma de suas noites mais memoráveis no Argentinos Juniors foi a vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians na CONMEBOL Libertadores de 2023. Naquele dia, seu time jogou com a formação de 4-4-2, com dois laterais ofensivos (Santiago Montiel e Kevin MacAllister); zagueiros fortes, mas com a capacidade de sair com a bola (Miguel Torrén e Lucas Villalba); meio-campistas inteligentes, habilidosos e dinâmicos (Javier Cabrera, Federico Redondo, Franco Moyano e Francisco González Metilli) e dois atacantes com qualidades complementares: um rápido (Gastón Verón) e outro mais posicional (Gabriel Ávalos).

Nessa partida, pode-se encontrar sua melhor versão, pois, embora ele não tenha usado o esquema mais associado a ele, as características dos jogadores favoreceram seu plano de jogo e deram resultados. Pouco tempo depois, nas oitavas de final da mesma Libertadores, e contra o Fluminense, futuro campeão da competição, ele jogou com um esquema 3-5-2 em casa e ficou a três minutos de vencer o jogo de ida. A versatilidade buscada foi atingida. E a coragem de jogar contra qualquer adversário também.

Milito ficou três anos no Argentinos Juniors, um período bastante longo, e raro, no exigente futebol argentino. Ele tinha contrato assinado até 2027, mas decidiu sair em agosto do ano passado, após ser eliminado da Libertadores e da Copa da Argentina. Sempre fez questão de ressaltar sua boa relação com o presidente do clube, Cristian Malaspina, e, no dia de sua saída, explicou que o motivo de seu adeus era o ‘cansaço’ pelo longo processo de pilotar um clube, algo cada vez mais comum em treinadores que têm uma forma de trabalhar em que a intensidade é o mais importante.



Fonte: Alagoas 24 Horas

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