Chanceleres dos países-membros do G7 —grupo que reúne algumas das sete maiores economias do mundo— divulgaram nesta quinta-feira (11) uma nota condenando o avanço de Israel sobre a Cisjordânia ocupada, algo “contraproducente para a causa da paz” nas palavras da entidade.
O grupo também pediu ao Estado judeu que libere todas as receitas da Autoridade Nacional Palestina (ANP). A coalizão de ultradireita no poder do país vêm retendo esse dinheiro para pressionar politicamente o órgão, concebido como uma uma espécie de governo de transição até o estabelecimento de uma administração palestina oficial.
Tel Aviv anunciou em junho que legalizaria cinco postos avançados, estabeleceria três novos assentamentos e se apropriaria de grandes extensões de terra na Cisjordânia.
No início deste mês, oficializou o confisco de um terreno de 12,7 km². Segundo a ONG Peace Now, que monitora a expansão de assentamentos israelenses na região, esta foi a maior área do território palestino de que os israelenses se apropriaram em três décadas.
Os assentamentos são considerados ilegais ou ilegítimos pela maior parte da comunidade internacional.
Segundo os Acordos de Oslo, assinados em 1993, os israelenses deveriam se limitar a administrar partes da Cisjordânia enquanto o Estado da Palestina era construído. Outras porções, menores, ficariam a cargo da ANP.
Quando o Estado palestino enfim fosse criado, assim, Tel Aviv deveria ceder totalmente a Cisjordânia, que ocupa desde os anos 1960, à ANP. Mas à medida que o tempo passou e a ideia de uma Palestina independente não se concretizou, Israel continuou a permitir a construção de novos assentamentos.
O governo atual, liderado pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, encoraja essas ocupações. O radical Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, pasta encarregada do tema, já inclusive defendeu a anexação permanente da Cisjordânia por Israel.
Hoje, mais de 500 mil colonos de Israel vivem nesses locais, que muitas vezes se assemelham a pequenas cidades ou a subúrbios de grandes municípios de países desenvolvidos.
Embora muitos sejam ocupados por sionistas religiosos que acreditam que seu direito de viver na região venha dos textos bíblicos, outros tantos judeus seculares se mudaram para os assentamentos devido aos preços mais baixos em comparação com terrenos em Israel.
Já os habitantes palestinos na área somam cerca de 2,7 milhões.
A disputa na Cisjordânia agrava ainda mais as tensões entre Israel e o grupo terrorista Hamas na guerra em andamento na Faixa de Gaza. Para os palestinos, a expansão dos assentamentos é um dos principais obstáculos a uma paz duradoura.